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Diageo aposta que tequila dominará o Brasil em mercado que deve crescer 9% ao ano até 2027

Em entrevista exclusiva, CEO da Diageo Brasil fala sobre tendências e o futuro do consumo de bebidas alcoólicas

Paula Lindenberg: CEO da Diageo Brasil.  (Divulgação/Divulgação)

Paula Lindenberg: CEO da Diageo Brasil. (Divulgação/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 17 de junho de 2025 às 06h10.

Ao entrar em um bar brasileiro e pedir um drinque, a probabilidade de escolher um gim tônica é muito maior do que pedir um Paloma, que leva tequila. Essa cena, comum na maioria dos bares do país, pode estar prestes a mudar. De acordo com a consultoria IWSR, especializada na análise do mercado de bebidas, a tequila (excluindo o México) deve crescer a uma taxa anual de 9% até 2027.

Tanto o gim quanto a tequila são grandes histórias de sucesso no mercado global de bebidas destiladas, mas a tequila está superando o gim em termos de crescimento, impulsionada por uma combinação de variedade de produtos, preço e a diversidade de ocasiões em que pode ser consumida. Para Paula Lindenberg, CEO da Diageo Brasil, a tequila "será grande no Brasil nos próximos anos".

A executiva explica que o que deve impulsionar o mercado será a crescente demanda por bebidas premium, na faixa dos R$ 1.000 a garrafa, um nicho que, segundo ela, também atrai a Geração Z. "O que vemos é que, em geral, eles [Geração Z] estão consumindo de forma mais consciente, com menos frequência e em menores quantidades, mas com mais foco na qualidade", diz Paula em entrevista exclusiva à EXAME Casual, logo após o World Class Brasil, evento que elegeu o melhor bartender do país. A competição ocorreu no Bar dos Arcos, em São Paulo.

O evento, promovido pela Diageo, também reforçou a posição do Brasil na alta coquetelaria, colocando o país em evidência. Durante a competição, ainda vimos poucos drinques feitos com tequila, mas a Diageo aproveitou a ocasião para destacar a Tequila Don Julio 1942, um de seus produtos mais premiados no Brasil, que chega ao mercado por R$ 1.819,90. Paula também comentou sobre o mercado de bebidas sem álcool e sobre a importância do Brasil para a Diageo, empresa global. Confira os principais trechos da entrevista abaixo.

Qual a importância do World Class no Brasil e o impacto de reconhecer os melhores bartenders do país?

O nosso negócio é de experiência, de elevar a ocasião, o jantar, a comemoração, e são os bartenders que fazem essa mágica acontecer. Para nós, o World Class é uma plataforma que tem consistência e que garante não só o presente, mas o futuro. Sabemos que estamos em um mercado onde as pessoas experimentam um bom drinque em um bar, se encantam, conhecem, e depois vão querer replicar isso em casa. A boa experiência no bar ou restaurante é essencial, e a alta coquetelaria é o que puxa esse desenvolvimento. Por isso, ficamos muito contentes em fomentar a coquetelaria e nos aproximar das pessoas que estão criando essa cena, ajudando a pensar e a crescer junto.

Quando olhamos o portfólio da Diageo, com uma vasta gama de produtos como uísque, tequila e vodca. Há alguma categoria que vocês consideram uma grande oportunidade para o futuro?

Construir uma nova categoria não é algo que se faça em seis meses ou um ano, precisa de consistência. Quando observamos o que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, vemos que a tequila está em um lugar muito importante. No Brasil, a tequila ainda é de baixa qualidade, consumida como shot. Mas lá fora, a tequila é degustada, de qualidade premium, em drinques como o Paloma ou Margarita. Acreditamos que essa tendência vai crescer muito no Brasil. Estamos vendo já em bares e restaurantes mais sofisticados esse movimento, e acreditamos que, com o tempo, a tequila será grande no Brasil. Claro, não queremos que isso aconteça da noite para o dia, mas sim com autenticidade e consistência.

Como o Brasil se encaixa no panorama global da Diageo e qual é a sua importância no mercado mundial?

O Brasil é um mercado de grande aposta e oportunidade. Hoje, somos líderes absolutos nas categorias em que atuamos, como uísque, vodca e gim. Porém, quando olhamos a participação total de mercado do álcool no Brasil, nossa participação é de cerca de 3%, o que ainda é um valor baixo. O Brasil, ainda um país muito voltado para o consumo de cerveja, apresenta um grande potencial de crescimento para os destilados. Nosso trabalho, como líderes, é expandir nossas categorias, educar os consumidores, e fazer com que mais pessoas conheçam as nossas marcas. Queremos que os consumidores saibam como preparar um drinque adequado para diferentes ocasiões, como substituir a cerveja por um gim tônica ou caipirinha em um churrasco, por exemplo. Desde 2019, nosso negócio no Brasil dobrou de tamanho, e a meta é continuar crescendo, oferecendo mais soluções e opções para os consumidores. Nos últimos dez anos, as marcas premium cresceram três vezes mais rápido que as marcas tradicionais, o que demonstra que os brasileiros estão, cada vez mais, procurando beber melhor e não mais. O nosso portfólio reflete essa tendência.

Como você disse, o Brasil tem um mercado predominantemente cervejeiro, mas vocês veem alguma tendência de integração entre os destilados e o mundo do vinho para fazer frente a essa hegemonia?

Não estamos entrando diretamente no mercado de vinhos, mas há algumas iniciativas que mostram como os destilados podem atuar em conjunto com o vinho, ajudando ambos a crescerem. Por exemplo, se você for a um supermercado e ver os corredores de cerveja, vinho e destilados separados, muitas vezes o consumidor acaba escolhendo apenas a cerveja. Mas, quando os produtos estão juntos, o consumidor começa a perceber o vinho e os destilados como alternativas. Essa abordagem tem funcionado bem em eventos e supermercados, e pode ajudar a aumentar as vendas e a experimentação dos destilados.

Como a Diageo lida com o desafio da geração Z, que está cada vez mais diminuindo o consumo de álcool?

A geração Z tem se mostrado mais seletiva no consumo de álcool, mas isso não significa que eles deixaram de beber. O que vemos é que, em geral, eles estão consumindo de maneira mais consciente, com menos frequência e em menores quantidades, mas com mais foco na qualidade. Eles querem fazer a ocasião valer a pena, seja para socializar, postar nas redes ou apenas para experimentar algo novo e sofisticado. Isso é uma grande oportunidade para os produtos premium, como os que temos no nosso portfólio. Essa geração está buscando um consumo mais responsável e experiências de qualidade, o que se alinha com o que pregamos há anos. Acredito que o consumo com moderação e de forma consciente será o caminho para o futuro do mercado de bebidas alcoólicas, e, para nós, é essencial garantir que nossos produtos atendam a essa demanda por qualidade e experiência.

E em relação ao mercado de bebidas zero álcool, como a Diageo está respondendo a essa tendência?

A demanda por produtos zero álcool tem crescido, especialmente em ocasiões em que o consumidor quer uma alternativa sem álcool, como em almoços ou quando precisa dirigir. A oportunidade no mercado sem álcool é real, e temos alguns produtos que têm se saído muito bem fora do Brasil, como a Guinness Zero e a Tanqueray Zero. Estamos trabalhando para trazer essas alternativas para o mercado brasileiro, embora ainda não tenha uma data específica para o lançamento. A chave aqui é entender as ocasiões de consumo e oferecer produtos que atendam bem às necessidades dos consumidores.

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