Carlos Alcaraz na final de Roland Garros de 2024: vitória contra Zverev (Frey/TPN/Getty Images)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 23 de maio de 2025 às 07h30.
Última atualização em 23 de maio de 2025 às 12h40.
Em Roland Garros, um dos quatro torneios mais importantes do ano, as atenções estarão todas voltadas para os tenistas da nova geração. Pela primeira vez em um torneio de Grand Slam, entre os oito principais cabeças-de-chave, metade nasceu nos anos 2000.
Jannik Sinner, Carlos Alcaraz, Jack Draper e Lorenzo Musetti são as jovens estrelas do circuito. Draper, de 23 anos, conquistou seus dois primeiros títulos de ATP no ano passado, em Stuttgart e Viena, além do Masters 1000 de Indian Wells. Nesta temporada, foi campeão de outro Masters 1000, em Indian Wells.
Neste ano, Musetti, também de 23 anos, foi finalista de um Masters 1000, em Monte Carlo, em que perdeu para Alcaraz. O italiano também chegou a outras duas semifinais de Masters 1000, em Madri e em Roma, e pela primeira vez apareceu entre os dez primeiros colocados do ranking da ATP.
Outros jovens tenistas têm brilhado nas quadras. O brasileiro João Fonseca, de 18 anos, foi convidado para disputar a Laver Cup, torneio amistoso entre duas equipes, Europa e Resto do Mundo, em setembro. Em Roland Garros, que começa neste domingo, 25 de maio, ele vai enfrentar o ex número 8 do ranking Hubert Hurkacz.
No Australian Open, Fonseca venceu o então top ten Andrey Rublev. Jakub Mensik, tcheco de 19 anos, venceu neste ano Novak Djokovic na final do Masters 1000 de Miami. Learner Tien, outro jovem de 19 anos, venceu Daniil Medvedev no Australian Open. Arthur Fils, de 20 anos, ainda não ganhou títulos neste ano, mas está na 19ª colocação no ranking.
Sinner foi campeão neste ano do Australian Open e está voltando de um período de suspensão. Alcaraz já venceu três títulos em 2025. O mais recente foi o Masters 1000 de Roma. Somados, os dois têm sete títulos de Grand Slam. É mais do que todos os jogadores nascidos nos anos 1990 conseguiram.
Fazia tempo que o tênis masculino esperava por uma nova geração. Os Big Three dominaram a modalidade nas últimas duas décadas. Juntos, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer venceram 294 títulos, sendo 64 torneios de Grand Slam.
Durante um período de 15 anos, aproximadamente, alguns poucos outros jogadores da mesma geração conseguiram também conquistar um Grand Slam. Andy Murray e Stan Wawrinka venceram, cada um, três títulos. Marat Safin, Juan Martín del Potro e Marin Čilić, apenas um cada.
Os Big Three nasceram nos anos 1980. Em um ciclo natural de sucessão, jogadores que vieram logo depois deveriam ter feito frente a Federer, Nadal e Djokovic.
Não foi o que aconteceu. Daniil Medvedev e Dominic Thiem ganharam um Grand Slam cada. Alexander Zverev, Casper Ruud, Stefanos Tsitsipas e Andrey Rublev também já ficaram entre os cinco melhores do mundo. Mas foi só, por enquanto.
Os jogadores nascidos nos anos 1990 tiveram o azar de assistir ao domínio de apenas três tenistas excepcionais. Outro fenômeno ajuda a entender esse apagão de vitórias de toda uma geração. Djokovic, Nadal e Federer esticaram essa curva do envelhecimento.
Federer se aposentou oficialmente aos 41 anos, um ano após ter se lesionado em Wimbledon. Nadal, aos 38, estava na 49ª colocação do ranking quando se retirou das competições. Obviamente, não se encontravam no auge. Mas estavam, até pouco tempo antes de pendurar as raquetes.
Djokovic ainda segue tentando conquistar mais um último título, para chegar ao número mágico de 100. Não está sendo uma tarefa fácil. Mas os jogadores da geração seguinte, como Zverev e Medvedev, também não andam tendo muito sucesso.
Essa novíssima geração atual chegou com tudo. São jogadores especialmente talentosos e muito carismáticos, crescidos no ambiente das redes sociais. São menos protocolares ao pedir aplausos da torcida, em um esporte particularmente formal e avesso a exibicionismos.
Sinner e Alcaraz prometem formar uma rivalidade histórica. A esperança em João Fonseca é grande. Os torneios voltam a ter certa imprevisibilidade, com mais candidatos ao pódios. Recentemente, circulou um vídeo de Alexander Bublik, de 27 anos, falando com o árbitro, durante a troca de lados em um jogo contra o jovem Mensik, no Madri Open deste ano.
“Lembra quando o tênis era fácil? Tipo cinco anos atrás. Era super fácil. Pessoas aleatórias entre os top 50, que mal se movimentavam. Agora esse cara aí não é nem top 5. Nem top 10”, diz Bublik, referindo-se ao adversário. Mensik venceu tranquilamente a partida por 6-3 e 6-2.
Esses novos tenistas têm melhor condicionamento, batem mais forte na bola, correm mais. Também por isso estão mais sujeitos a lesões, o que pode atrapalhar seus planos de longo prazo. Pode ser que não fiquem no auge por 15 anos, como os Big Three. Mas já conquistaram uma façanha: fizeram o tempo correr mais depressa para uma geração espremida entre foras de série e grandes talentos.