Rio Museu Olímpico: o espaço passa a integrar uma cadeia com 37 museus temáticos espalhado pelo mundo chancelados pelo Comitê Olímpico Internacional (Ezra Shaw/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 2 de agosto de 2025 às 10h18.
Quem não se lembra da tocha olímpica passeando pela cidade nas mãos de personalidades e da vitória emocionante do vôlei brasileiro na final contra a Itália na Rio 2016? Estas são apenas algumas das memórias que a partir da agora estarão eternizadas no Rio Museu Olímpico, que será aberto ao público na próxima terça-feira, 5, na Barra da Tijuca.
Entre a concepção e a conclusão do projeto, que custou R$ 118 milhões, passaram-se três anos. Nos próximos dois meses, a entrada será gratuita mediante agendamento pelo site museuolimpico.rio"A proposta foi contar a história da cidade pelos eventos esportivos e como chegamos até a Olimpíada, além do processo de transformação deixado por ela, como as obras de mobilidade. E fazemos referências às demais tentativas de o Rio sediar a Olimpíada: 1936, 2004 e 2012", conta Eduardo Carvalho, um dos curadores do Museu Olímpico.
Instalado no andar superior do velódromo, no Parque Olímpico da Barra, o espaço passa a integrar uma cadeia com 37 museus temáticos espalhado pelo mundo chancelados pelo Comitê Olímpico Internacional.
O valor do ingresso após o período de gratuidade não está fechado, mas deve ficar em torno de R$ 40 (a inteira). A meta é chegar a dois mil visitantes por mês no primeiro ano e a 2,2 mil no segundo. Pelo menos 15% do público terá entrada franca, incluindo idosos.
O museu reúne um acervo de mil peças, sendo 300 em exposição, distribuídas em 13 áreas temáticas. Há vários objetos interativos. Logo na entrada, o público é recebido por três estátuas gregas ‘‘falantes’’.
"Já imaginou a gente tomando sol na Praia de Copacabana? Tomando mate gelado, comendo biscoito de polvilho. Cena de novela", diz uma delas.
O prefeito Eduardo Paes afirmou que o espaço foi criado para o carioca poder relembrar o evento e para os turistas saberem como foi a organização da competição. Segundo ele, a preocupação do governo foi realizar uma Olimpíada com legado consistente.
"Quando o Rio ganhou o direito de organizar a Olimpíada não havia VLTs, BRTs, metrô para a Barra. Essa Olimpíada deixou um legado enorme. Todos os equipamentos esportivos estão em operação. Conseguimos até viabilizar o golfe olímpico, que era um desafio. Falta apenas concluir a obra de uma Vila Olímpica no Parque Oeste (Inhoaíba), onde será montada a piscina em que Michael Phelps (na Olimpíada) e Daniel Dias (na Paralimpíada) conquistaram um monte de medalhas. Isso deve ocorrer em dezembro", prometeu Paes.
As obras para implantar o museu custaram R$ 73 milhões, além dos R$ 45 milhões para a iconografia. O cronograma atrasou em um ano, e o projeto ficou mais caro do que o previsto inicialmente. De acordo com o planejamento em 2023, seriam necessários R$ 53,7 milhões para as obras físicas; tudo ficaria pronto em 9 de agosto de 2024.
Numa audiência pública na Câmara Municipal no ano passado, o então presidente da Rio Urbe, Armando Queiroga, explicou aos vereadores que, ao entrar no velódromo, os responsáveis pelas obras descobriram que a situação do prédio era pior do que se imaginava e até que peças tinham sido furtadas. Segundo ele, dois aparelhos de ar condicionado tiveram que ser comprados, o que não estava previsto, e o sistema de automação da iluminação, refeito.
Por enquanto, o espaço será administrado por uma Organização Social. Mas há previsão de o museu ser mantido pelo grupo Rock World, organizador do Rock In Rio e do The Town (SP), que vai construir no terreno vizinho o centro de entretenimento Imagine — parque temático privado, previsto para ser inaugurado em 2018.
O museu será aberto ao público no dia em que se comemoram os nove anos do início da Olimpíada no Rio. No próximo dia 8, a cidade, ao lado de Niterói, enfrenta outra disputa: apresenta à Panam Sports a defesa do projeto de candidatura conjunta para ser a sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031. O evento será em Assunção, no Paraguai.
Um dos itens que pode ser visto no museu é a faixa preta usada por Rafaela Silva quando ganhou a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio. A trajetória da judoca até a conquista do ouro foi marcada por lutas marcantes. Na final, contra a mongol Sumiya Dorjsuren, ela conseguiu aplicar um golpe (sumi-otoshi), pontuado como wazari, com um minuto e seis segundos de luta, e administrou a vantagem.
Os visitantes do museu também podem ver a bola da final de vôlei de quadra masculino, quando a equipe brasileira levou o ouro. No confronto, a Itália começou apresentando um desempenho melhor, mas logo o Brasil assumiu o controle da partida. Com a vitória por 3 sets a 0, o Brasil conquistou a terceira medalha de ouro olímpica no vôlei de quadra masculino.
As moedas comemorativas das Olimpíadas, tão cobiçadas por todo mundo durante a competição, também estão no museu. O sonho de muitas pessoas era poder reunir a coleção especial. Agora, esses e outros itens, como medalhas e ingressos, estão expostos no Museu Olímpico e podem ser vistos de perto pelo público.
Como não lembrar da tocha olímpica? Ela marcou o evento e também o revezamento antes da competição, saindo da Grécia e passando por mais de 300 cidades brasileiras até chegar ao Rio. No novo museu, o público pode reviver esse momento histórico ao ver de perto a tocha adotada em 2016. Os selos comemorativos lançados especialmente para os jogos também estão em exibição.
Quem visitar o museu também vai poder conferir de pertinho os uniformes utilizados nas cerimônias de abertura e encerramento dos jogos da Rio 2016. Também estarão em exibição as roupas usadas durante o revezamento da tocha olímpica. As peças ajudam a contar a história do evento esportivo que marcou a cidade.
Com destaque especial para uma das maiores emoções vividas na Rio 2016, o museu conta com um painel dedicado ao futebol, que relembra a conquista da medalha de ouro pela Seleção Brasileira. O espaço traz um recurso sonoro que simula o momento do gol decisivo de Neymar Jr. na disputa de pênaltis contra a Alemanha, no Maracanã. A ambientação imersiva é um dos pontos altos para o público.
Entre as atrações interativas do novo Museu Olímpico estão videogames que permitem ao visitante simular práticas esportivas e momentos marcantes. É possível correr os 100 metros rasos, praticar canoagem slalom no Parque Radical de Deodoro e até participar de jogos de vôlei e basquete. Há ainda uma experiência curiosa: a simulação da implosão da Perimetral, marco da transformação urbana da cidade para os jogos da Rio 2016.