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O carro da Vespa: minúsculo, charmoso e símbolo de luxo nos anos 1960

Fabricado entre 1957 e 1961, o carro da Vespa teve produção limitada, mas deixou legado e se tornou um clássico vintage da marca

Vespa 400: microcarro da marca italiana lançado em 1957 (Getty Images)

Vespa 400: microcarro da marca italiana lançado em 1957 (Getty Images)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de Casual

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 12h02.

Muito antes dos patinetes elétricos ganharem as ruas ou dos microcars elétricos invadirem as cidades europeias, a italiana Vespa já ousava além das duas rodas de suas icônicas scooters. Entre 1957 e 1961, a marca lançou um carro próprio: o Vespa 400, um miniautomóvel que combinava o espírito urbano da marca com a estética elegante da Itália do pós-guerra.

Desenvolvido pela Piaggio — criadora da Vespa original — e produzido exclusivamente na França pela A.C.M.A., o Vespa 400 teve um lançamento de peso. A estreia oficial ocorreu em setembro de 1957, em Mônaco, e contou com a presença de pilotos famosos para chamar atenção da imprensa.

O modelo, pequeno até para os padrões da época, vinha com motor de dois cilindros e 14 cavalos de potência. Mesmo com desempenho modesto, virou símbolo de charme e luxo.

Harry Schell, BRM P25, Grande Prêmio da França, Reims-Gueux, 6 de julho de 1958. (Bernard Cahier/Getty Images)

Inovação e legado vintage

Com estrutura leve e motor traseiro, o Vespa 400 alcançava até 90 km/h. Era oferecido em três versões: Luxe, Tourisme e GT, segundo documentos de arquivos da marca.

Tinha dois assentos dianteiros e um espaço traseiro que poderia acomodar bagagem ou duas crianças pequenas — uma solução prática para famílias urbanas.

O carro também trazia soluções criativas, como teto conversível de tecido, porta-bateria frontal deslizante e banco com estrutura tubular metálica.

O painel era minimalista, com velocímetro e luzes de advertência. O câmbio, centralizado no piso, lembrava o de scooters, e o ruído característico do motor 2T reforçava a herança da marca.

Vespa 400 azul - um microcarro produzido pela empresa francesa ACMA entre 1957 e 1961 (Getty Images)

Produção na França (e veto da Fiat)

A produção na Itália chegou a ser considerada, mas esbarrou em pressões da Fiat, que via o modelo como concorrente direto do recém-lançado Fiat 500.

A solução encontrada pela Piaggio foi terceirizar a fabricação para sua subsidiária francesa, o que garantiu a continuidade do projeto, mas limitou a penetração no mercado italiano.

Entre 1957 e 1961, foram produzidas cerca de 30 mil unidades — a maior parte em 1958, quando saíram 12.130 carros da fábrica de Fourchambault.

Apesar da boa estreia, as vendas caíram nos anos seguintes. Críticas sobre a troca de marchas difícil, ruído interno e o consumo elevado de combustível (antes da adoção de um sistema automático de mistura de óleo) limitaram o alcance comercial do modelo.

Décadas depois, o Vespa 400 virou peça de coleção. Nos Estados Unidos, o modelo tem ganhado destaque em leilões e eventos de carros clássicos. “Ele pode estar cercado de Ferraris, mas ainda assim é o mais fotografado”, conta o colecionador Jay Paul Santangelo, que comprou um exemplar restaurado por mais de 40 mil dólares e escreveu sobre a experiência ao Wall Street Journal.

O modelo também é presença constante em encontros especializados como o Automezzi, no Colorado, e o The Quail, durante a Monterey Car Week. O tamanho compacto, o design retrô e a associação com a cultura italiana o transformaram em um símbolo de nostalgia e estilo.

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