Preta Gil: cantora foi uma das sócias-fundadoras da agência de marketing de influência Mynd (Redes Sociais/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 21 de julho de 2025 às 11h08.
Última atualização em 21 de julho de 2025 às 11h46.
A cantora Preta Gil morreu ontem, 20, aos 50 anos. Filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha, sobrinha de Caetano Veloso e dona músicas de sucesso, a artista enfrentou uma longa luta contra o câncer no intestino, descoberto em janeiro de 2023. A artista passou as últimas semanas nos Estados Unidos, onde tentava um tratamento experimental contra a doença.
Além de cantora, Preta também era atriz, apresentadora e empresária. Era fundadora e sócia-diretora da Music2Mynd, uma das maiores agência de cultura digital, música, talentos e marketing de influência do Brasil. A agência ganhou o Prêmio Caboré 2019 na categoria Serviços de Marketing.
Entre as músicas de maior sucesso na carreira estão "Sinais de Fogo", "Meu Xodó" e "Só o Amor". Preta foi casada com Otávio Müller em 1994 e teve com ele o único filho, Francisco Gil, hoje com 29 anos, e com Carlos Henrique Lima. Ela deixa, além do filho, os demais membros da grande família Gil que incluem os irmãos Maria Gil, Bem, José e Bela Gil.
Em 2021, a artista concedeu uma entrevista exclusiva a EXAME na qual falou sobre diversidade, inclusão, carreira e negócios.
"Durante anos da minha vida a minha meta era pertencer, conquistar, estar, porque fui, durante muitos anos, a única. Eu era a única preta da turma na escola, eu era a única preta entre os amigos, era a única preta em muitos ambientes. Um determinado momento na minha vida, eu compreendi que toda minha visibilidade, toda minha paz, habilidade, toda minha fama, enfim, eu tinha que usar para que eu não fosse só a única. Eu queria ver outros. Não adiantava só eu ser livre, empoderada e me amar. Eu queria libertar outras mulheres, eu queria que outras mulheres ocupassem aqueles lugares. Faço uma campanha de biquíni, eu não quero ser só o meu corpo gordo ali. Quero que outros corpos também se sintam representados. Então assim, um determinado momento entendi que ‘tudo bem, eu estou aqui, mas agora não é mais sobre mim, é sobre agora quem eu posso trazer junto comigo’. Quero escurecer realmente os meus negócios, a minha vida, e quero trazer essa diversidade cada vez mais".
Preta Gil foi uma das sócias-fundadoras da agência de marketing de influência Mynd. Fundada em 2017, a empresa por um lado assessora grandes empresas na hora de definir o conteúdo de campanhas para redes sociais, bem como a encontrar os influenciadores corretos para a mensagem a ser passada. Na lista estão nomes como Unilever e Mondelez.
Por outro, conta com um casting com mais de 400 influenciadores nacionais e estrangeiros. Para essa turma, a empresa faz a gestão da carreira, bem como ajuda a fazer o match com empresas dispostas a associar a marca à imagem do influenciador.
O portfólio da Mynd inclui nomes alçados à fama devido às redes sociais, como Lore Improta, além de artistas com uma presença digital azeitada, como os cantores Pabllo Vittar e Luisa Sonza.
"Eu falo para as empresas, para os nossos clientes, nossos parceiros: uma vez que a gente conquista, que a gente pertence, a gente não retrocede. Uma marca que dá espaço a uma pessoa negra, uma pessoa gorda, pessoa trans, uma pessoa que percebe um espaço, ela não tira mais. A gente só caminha para frente e a gente tem voz para exigir, para provocar, hoje a gente pode falar, e isso é revolucionário, né?
Acredito que as marcas estão cada vez mais entendendo que o talento, o artista, o influencer, o cantor, ele tem que fazer parte da criação. Você tem que trazer ele para dentro da criação. Não adianta você pegar, sentar homens brancos uma mesa e escrever um comercial para mim. No mínimo você tem que ter mulher negra e gorda para falar por mim, mas o melhor ainda se você me tiver, se você tiver a mim para colaborar, juntar energias, juntar potências para a gente poder furar bolhas, para a gente poder inserir, para a gente possa e para a gente poder reparar, para a gente poder criar um novo imaginário não só na nossa sociedade, mas na nossa publicidade. As coisas estão mudando, é visível, a gente vê, ainda tem resistência, tem resistência, mas é real a transformação.
Então, eu tenho marcas que participo ativamente da criação das publicidades, das ações e eles confiam em mim, eles têm essa relação de parceria comigo e isso é uma coisa que a gente fala muito na Mynd. Não adianta a gente vender as coisas engessadas, as pessoas elas querem verdade."
A trajetória de Preta na publicidade começou quando a cantora tinha apenas 16 anos. Seu primeiro emprego na área foi na agência de publicidade DM9. Após a passagem pela agência, a cantora fundou a produtora de cinema e de publicidade Dueto Filmes. A carreira na música começou oficialmente quando Preta tinha 28 anos.
"Quando comecei a cantar eu já era uma empresária bem-sucedida no mercado e já tinha muito nome, muito prestígio e inclusive foi um baque muito grande para muitas pessoas quando falei que eu ia cantar. Sempre fui a minha própria produtora, sempre gerenciei e empreendi na minha carreira. Sempre gostei de ser ponte entre as pessoas".
Confira a entrevista completa: