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Relógios de segunda mão: um guia para você comprar a peça do seu sonho

Após três anos de queda, os preços de relógios usados voltam a subir no mercado internacional. Por aqui, confira nossa lista de indicações de lojas e sites de vendas

Fabinho, da Prime List: quase 30 anos de mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Fabinho, da Prime List: quase 30 anos de mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 15h24.

Última atualização em 5 de novembro de 2025 às 16h46.

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Já era hora. As vendas de relógios de segunda mão registraram crescimento de valor pela primeira vez em mais de três anos, em boa parte devido ao aumento de preços de Patek Philippe e Rolex após as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre importação.

O resultado está no mais recente relatório do Morgan Stanley com o WatchCharts. Os preços subiram em média 1,5% neste terceiro trimestre de 2025, em relação ao mesmo período anterior.

Esse mercado oscilou bastante nesses últimos cinco anos. No início da pandemia, a curva de crescimento acompanhou o aumento de vendas de peças novas nas butiques. Segundo o estudo Swiss Watch Industry Insights da Deloitte, o pico aconteceu em março de 2022.

Depois, houve uma queda de 16,4% ao longo de dois anos, até os preços se estabilizarem em 2024, mas ainda em um nível acima em relação a 2020. Este ano, em geral, os preços têm se mantido, com exceção de um ou outro modelo de maior procura de marcas como Rolex ou Cartier.

O que acontece no Brasil

Não existe nenhum estudo semelhante com relação ao Brasil. Por aqui, o mercado secundário de relógios é bem menos profissionalizado do que em países europeus ou nos Estados Unidos. Mas cada vez mais têm surgido novos revendedores, que trabalham com maior transparência, novos aficionados, novos colecionadores.

Faz sentido pensar em mercado secundário para relógios, peças feitas para durar muitas décadas. Hoje, as redes sociais ajudam, e muito, na exposição e nas negociações dos produtos. Muitos dos revendedores contam com alguns milhares de seguidores e uma comunidade bastante fiel. Em muitos casos as conversas migram para grupos fechados no WhatsApp, onde as vendas acontecem. Outros ainda preferem manter a boa e velha loja física.

Em tese, os relógios secundários não brigam com os lançamentos das manufaturas, que chegam a cada ano nas lojas em novas linhas, com movimentos melhores, designs mais refinados. Muitos dos chamados relógios vintages ou neo vintages já saíram de linha.

Selecionamos a seguir algumas lojas e sites de vendas, de perfis diferentes, com boa reputação no mercado, para quem está em busca de uma peça especial. Como não se trata de um mercado regulamentado, confiança é fundamental. Como se diz por aí, o cliente não compra um relógio. Ele compra o vendedor.

Prime List

“Fala meu lindão! Como é que tá essa força, tudo beleza?” É dessa forma efusiva, com forte sotaque paulistano, que Fábio Zanchi Gonçalves, o Fabinho, fala com todo mundo. Todo mundo, no caso, é forma de falar. Fabinho só vende relógios de quem conhece, de procedência garantida, e para quem conhecidos ou conhecidos de conhecidos. Ele começou a trabalhar com seu pai, Celso, vendendo canetas e relógios na loja da família, em 1998. Em 2016, montou a Prime List. “Trabalho com todos os tipos de relógios, menos smartwatch, que para mim não é relógio”, diz Fabinho. “Também não vendo relógios muito baratos, pois como trabalho em consignação, preciso de uma certa margem.” A Prime Lista tem preços bastante competitivos nesse mercado. Rolex é de longe a peça que mais sai. E o relógio mais especial que Fabinho já vendeu foi um Paul Newman. @primelistbr

Empire Watches

Quando o grupo Richemont veio para o Brasil, em 2012, Gustavo Pires foi contratado como diretor da marca Jaeger-LeCoultre. Oito anos depois, quando a butique do shopping JK Iguatemi, em São Paulo, foi fechada, ele resolveu abrir seu próprio negócio. Pires trabalha com as marcas suíças mais renomadas, de TAG Heuer a Audemars Piguet e Richard Mille, e é representante oficial no Brasil da U-Boat e Cuervo & Sobrinos. Por mês, vende cerca de 120 peças. Além da venda online, a Empire Watches conta com um showroom para clientes VIP no shopping Vila Olímpia e em breve abrirá um espaço dentro da alfaiataria Cotovia, em Moema. @empire.watchesoficial

Greg Duboc

Quer um relógio diferente, exclusivo? É o Greg que você precisa procurar. Ele não é exatamente um vendedor. Está mais para um colecionador que ajuda colecionadores. Ele ficou mais conhecido no meio com um programa no Youtube chamado Dez e Dez. “Eu já fazia compras e vendas para mim, mas aos poucos ganhei confiança de um público novo que me pedia indicações”, afirma. Greg trabalha “para um público iniciado e que sabe o que quer.” Urwerk, De Bethune e MB&F estão entre as marcas que ele costuma intermediar. Greg também costuma fazer viagens anuais com clientes e amigos para visitar essas manufaturas na Suíça a que poucos têm acesso. @gregduboc

Greg Duboc

Greg Duboc: peças fora de série (Leandro Fonseca /Exame)

Watchestime

Thiago Joca começou a comprar e vender relógios ainda adolescente, em 2006. Em seu site, os preços partem de 3 mil reais, mas nos últimos anos relógios mais raros e de alto valor foram ganhando espaço. Greubel Forsey com duplo turbilhão e FP Journe Centigraphe Black Label estão entre algumas dessas peças já vendidas e entregues a partir de sua cidade, Fortaleza. “Não trabalhamos com relógios novos”, diz. “Nosso foco é em modelos seminovos, impecáveis e sempre com documentação original de fábrica. O que mais prezamos é um pós-venda sério e transparente, nunca prometemos o que não podemos cumprir. Preferimos perder uma venda a assumir qualquer compromisso que não possa ser honrado no futuro.” @watchestimebrasil

iwatches Brasil

Alberto Salmon é um dos vendedores mais antigos e de maior reputação desse mercado. Ele entrou no ramo quase por acaso. “Tudo começou em 2005, quando uma loja autorizada tinha uma dívida com a nossa empresa familiar, que fornecia joias para eles”, conta. “Eles informaram que estavam sem liquidez para nos pagar e ofereceram 20 relógios novos da Panerai. Aí saímos vendendo.” A iwatches Brasil tem como especialidade relógios de luxo da primeira prateleira, como Audemars Piguet, Patek Philippe, Rolex, IWC, Panerai e Cartier. O relógio mais especial que ele já vendeu foi um Vacheron Constantin Tourbillon Calendário Perpétuo Equação do Tempo Sunset/Sunrise 15 Dias de corda, com preço de lista de 700 mil francos suíços. @iwatches_brasil

Orit Secondhand

A Orit surgiu em 2020, mas a família proprietária atua há mais de 65 anos no mercado de joias e relógios. Conta hoje com sete lojas físicas, uma delas em Boca Raton, na Flórida. O portfólio é bem variado, de dress watches a esportivos contemporâneos. Um modelo que está sempre no estoque é o TAG Heuer Carrera Formula 1. Os de maior liquidez são os Rolex Datejust e Submariner. Uma peça especial que já saiu por lá foi um Classique Complications da Breguet. A empresa não divulga números, mas confirma que o ano de 2025 já registra um crescimento de 41% no faturamento em relação ao ano anterior. @orit.joia

I.V.U.W.

Os anúncios têm dias e horários mais ou menos fixos. Toda terça, toda quinta, entre 18h e 20h, a I.V.U.W. anuncia simultaneamente em seus quatro grupos de WhatsApp e no Instagram peças especiais, algumas acessíveis, outras nem tanto. A loja virtual, acrônimo de “iconics vintages uniques watches”, surgiu em 2023, vendendo relógios de entrada de marcas como Omega e Longines. Hoje, não é raro ver anunciados por lá um Patek Philippe Ellipse e ou um H.Moser & Cie Endeavour Perpetual Calendar. Recentemente, Higor desfez a antiga sociedade e trouxe novos investidores. Em breve pretende abrir uma oficina própria de manutenção e uma linha de acessórios. “A I.V.U.W. nasceu de uma necessidade minha de me expressar, não só na relojoaria”, diz. @ivuwstore

Higor Lopez

Higor Lopes: comunidade fiel (Leandro Fonseca/Exame)

Yago Mello Watches

Com escritório em Salvador, a Yago Mello decidiu focar em algumas marcas principais, com fácil saída em sua comunidade de clientes, ainda que de valores elevados, como Rolex, Patek Philippe, Audemars Piguet, Richard Mille, Vacheron Constantin e F.P. Journe. Os relógios vendidos são próprios, mas para alguns clientes eles aceitam consignação. Uma em cada quatro peças comercializadas é Rolex. O campeão de vendas é o GMT II. E o modelo mais especial que já passou por lá foi um Richard Mille M38-01 Bubba Watson. “Não consigo dizer valores, mas vendemos entre 20 e 40 relógios por mês”, diz Yago. @yagomellorelogios

Watches SP

Seu escritório no bairro paulistano de Pinheiros é “um pedacinho da Suíça dentro do Brasil”, diz Marcelo Garcia. Em 2012, ele inaugurou a butique da Breitling no shopping Cidade Jardim, em São Paulo. Em 2016, abriu o próprio negócio. Garcia trabalha com relógios seminovos de marcas suíças somente, principalmente Omega, Breitling, IWC, Panerai e Jaeger-LeCoultre. Do estoque, 90% são próprios. “Meu maior negócio é o ‘hunting’. Você me pede um relógio específico, eu vou atrás e consigo para você”, diz. @watches.sp

Colecionar Relógios

Gabriel Reynard fundou a Colecionar Relógios, com o sócio Fernando Pinho, em março de 2023. Os dois já colecionavam e estudavam relojoaria há bastante tempo. A especialidade deles são os vintages colecionáveis e neo-vintages, dos anos 1950 até 2000. “Nosso foco está em relógios com relevância histórica, design marcante ou movimentos mecânicos de qualidade, ou seja, peças que tenham algo a contar, de preferência em bom estado”, diz Gabriel. De Campos do Jordão, em São Paulo, ele envia para todo o Brasil. Segundo ele, cronógrafos estão em alta nesse mercado. E o hit de vendas é o Omega Speedmaster. @colecionar_relogios

Galeria Perpétua

Hugo Fenelon vendeu seu primeiro relógio há cinco anos, um Omega Constellation, para um amigo. Mas foi acompanhando a mulher em um mestrado em Aix-en-Provence, no sul da França, que o negócio engrenou. “Eu passava o tempo em uma loja maravilhosa no centro de Aix de um grande amigo, o Jean Garcia. Ele me ajudou a separar o joio do trigo, a distinguir o que é uma peça rara de um simples relógio”, conta Hugo. A paixão dele, que mora em Fortaleza, são os relógios de ouro com pedras preciosas e mostradores exóticos. “Mas a gente não se limita a isso. Intermediamos qualquer peça que tenha duas únicas características: que seja rara e colecionável.” @galeriaperpetua

Negócios & Relógios

“No início eu comprava para mim, estudava calibres, trocava com outros colecionadores”, conta Leandro Nogueira, fundador da Negócios & Relógios. “Quando percebi, o hobby tinha virado um negócio.” Leandro gosta dos vintage, “aqueles que têm alma e história”. Entre as marcas mais negociadas por ele estão Rolex, Universal Genève, Piaget e Breitling. Um best seller é o Rolex Datejust. Já o relógio mais especial que passou por suas mãos está um Rolex Zephyr de 1956, com documentação original da época, uma raridade. “É uma peça magnífica, que representa bem o espírito da loja.” @negocioserelogiosofc

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