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Salão do Automóvel de São Paulo hoje; conheça principais atrações

Principal evento automotivo do País volta após hiato de nove anos com forte presença das chinesas e ausência das tradicionais VW, GM e Ford

Renault Boreal: preços a partir de R$ 179.990  (Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault/Divulgação)

Renault Boreal: preços a partir de R$ 179.990 (Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault/Divulgação)

Rodrigo Mora
Rodrigo Mora

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Publicado em 22 de novembro de 2025 às 10h32.

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Mal o ano de 2020 havia começado e o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo viu marcas importantes debandarem. Em março, a eclosão da pandemia da Covid-19 foi o álibi perfeito para as demais fabricantes enterrarem aquela que seria a 31ª edição do maior evento automobilístico da América Latina, eclipsando o real motivo das ausências: os custos altos que poucas ainda estavam dispostas a bancar.

Dependendo da marca, os valores gastos nos cerca de dez dias de evento podiam passar dos R$ 20 milhões.

Desde então, organizadores do evento tentaram, sem sucesso, emplacar seu retorno, que ocorre somente agora. Após um hiato de sete anos e desacreditado nos bastidores, o Salão do Automóvel está de volta. A abertura ao público será hoje, 22.

E volta provando que ainda tem o poder de atrair as principais empresas do setor, sobretudo no momento em que a indústria atravessa talvez sua maior revolução, imposta pela insurgência das marcas chinesas, que se multiplicam enquanto escalam o ranking nacional de vendas.

“Não volta apenas como o evento grandioso que é, mas como um gesto de que o Brasil reencontrou sua capacidade de acreditar no futuro. O salão sempre contou a história do Brasil, e isso é importante porque o automóvel nunca foi apenas um meio de transporte. Ele foi um símbolo de trabalho, de conquista e de pertencimento de todos nós”, filosofou Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), durante a cerimônia de abertura do evento, na última quinta-feira, 20.

Domínio asiático

A Renault Geely do Brasil abriu o primeiro dia de apresentações reservadas à imprensa mostrando os caminhos possíveis da indústria nacional diante do avanço das marcas chinesas: na última terça, 18, Renault e Geely anunciaram investimentos que somam R$ 3,8 bilhões para o complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), onde a empresa francesa produz sua linha atual.

Os recursos serão usados para renovar um produto existente da Renault e para a produção de duas novas plataformas: uma de veículos eletrificados da Geely (GEA), que dará origem a dois modelos da marca chinesa a partir do segundo semestre de 2026 (o SUV híbrido EX5 EM-i, revelado no evento, é um deles); e uma para um inédito produto da francesa, também eletrificado e previsto para 2027.

A marca também mostrou o utilitário esportivo Koleos, que chega no primeiro semestre de 2026, e o Boreal, que começa agora a ser vendido por preços que vão de R$ 179.990 a R$ 214.990.

Depois da dupla sino-francesa, as asiáticas dominaram. A chinesa Omoda Jaecoo confirmou dois novos carros para 2026, ano em que a conterrânea GWM terá 12 novidades, entre elas a van de luxo Wey G9.

Toyota e Honda representaram a tradição das japonesas no Salão do Automóvel — a primeira com o Yaris Cross, primeiro SUV compacto híbrido flex do segmento que começa a ser vendido a partir de R$ 161.390; e a segunda com novo WR-V e a última geração do cupê esportivo Prelude, com estreia prevista para o segundo semestre de 2026.

Honda WR-V: a partir de R$ 149,9 mil (Divulgação/Divulgação)

As sul-coreanas impressionaram pela ambição. A Hyundai almeja o segmento de luxo com o estiloso Ioniq 9. Utilitário esportivo com um quê de minivan, trata-se do primeiro SUV elétrico da marca com sete lugares; baseado na arquitetura EGMP (Electric Global Modular Platform), oferece até 620 km de autonomia, 422 cv de potência e 70 kgfm de torque.

No estande da Kia nada menos do que sete lançamentos para o próximo ano: Sorento (SUV grande), K4 (hatch e sedã), Stonic (SUV compacto), EV3 (SUV compacto elétrico), Tasman (picape média) e PV5 (van elétrica), além da renovação do Sportage, já disponível por R$ 267.190, preço válido para o primeiro lote de importações.

“Para nós, este retorno ao Salão do Automóvel tem um significado especial. A Kia Brasil participa do evento desde 1994. Chegamos a esta nova edição com a convicção de que o futuro da mobilidade exige pluralidade tecnológica — elétricos, híbridos, diesel de última geração e soluções comerciais. É essa diversidade que vai orientar os próximos passos da nossa marca no País”, declarou José Luiz Gandini, presidente da Kia Brasil.

Stellantis aposta em legado

Se o primeiro dia foi das asiáticas, no segundo dia de apresentações a Stellantis foi protagonista com uma sequência de exibições — afinal, o grupo controla sete marcas no Brasil: Abarth, Citroën, Fiat, Jeep, Leapmotor, Peugeot e Ram.

Peugeot E-208 GTi: referência na categoria dos “hot hatches” (Divulgação/Divulgação)

A Jeep exibirá a nova geração do icônico Cherokee, o inédito Recon e o conceito Gladiator Convoy. Mas a estreia com maior potencial para atrair curiosos é o Avenger, subcompacto que será produzido no Polo Automotivo de Porto Real, no Rio de Janeiro. A planta fabrica atualmente os modelos Citroën Basalt, Aircross e C3.

O modelo chegou à apresentação da marca espatifando uma parede de vidro, como fizera o Jeep Grand Cherokee no passado. Durante o Salão de Detroit de 1992, o então executivo mais importante da Chrysler, Bob Lutz, subiu as escadarias do Cobo Hall dirigindo o modelo que seria lançado no salão mais importante dos EUA e, ao se aproximar do pavilhão, atravessou uma prede de vidro.

Outro apelo à nostalgia veio da Peugeot, que exibiu o E-208 GTi, elétrico que pretende manter o legado do 205 GTi, clássico “hot hatch” dos anos 1980. Também mostrou o 3008, que volta como um SUV-cupê.

No estande da RAM o destaque é a nova Dakota, que revive o nome do modelo fabricado em Campo Largo (PR) na virada do século pela extinta Daimler Chrysler sob a marca Dodge – todos símbolos hoje pertencentes à Stellantis.

A Fiat poderia ter inscrito seu nome na história do retorno do Salão do Automóvel se tivesse revelado o Grande Panda, seu grande lançamento no próximo ano. Mas preferiu ir com o conceito Dolce Camper, que antecipa a próxima linguagem visual da marca italiana.

A Citroën veio com o C5 Aircross, seu topo de linha na Europa e candidato a carro mais bonito do evento.

A ausência de confirmações e datas de lançamentos foi compensada por uma notícia vinda justamente da Leapmotor, marca chinesa operada pelo conglomerado no Brasil: Herlander Zola, presidente da Stellantis para a América do Sul, confirmou que o Polo Industrial de Goiana (PE) é o local escolhido para o início de sua produção local.

O inédito protagonismo das chinesas em um Salão de São Paulo foi demonstrado também pela estreia de novas marcas, como MG Motor, Denza (divisão de luxo da BYD) e Changan, que chega pelo Grupo Caoa com a linha Avatr.

Ausências

Certas marcas tradicionais, contudo, não estarão no Salão — que inclusive acaba de entrar para o Calendário de Eventos Estratégicos da Cidade, ao lado de espetáculos como o GP de Fórmula 1, a Virada Cultural e o Réveillon da avenida Paulista.

A lista de ausências inclui Audi, BMW, Chevrolet, Ford, Jaguar Land Rover, Mercedes-Benz, Porsche, Nissan, Suzuki, Volkswagen e Volvo.

Salão Internacional do Automóvel de São Paulo
Endereço: Distrito Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1.209 — Santana, São Paulo)
De 22 a 30 de novembro, das 10h às 21h (23, 29 e 30) e do meio-dia às 21h (22, 24, 25, 26, 27 e 28); entrada permitida até as 20h
Ingressos: a partir de R$ 126 (meia entrada R$ 63)
http://www.salaodoautomovel.com.br

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