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Spotify considera fazer um festival no Brasil após recordes de lucro e assinantes

Segundo Dustee Jenkins, plataforma de streaming de música pode entrar no mercado de festivais, que movimentou mais de R$ 5 bilhões em 2024

Festival do Spotify no Brasil: empresa considera possibilidade (Antony Jones/Getty Images for Spotify)

Festival do Spotify no Brasil: empresa considera possibilidade (Antony Jones/Getty Images for Spotify)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de Casual

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 18h01.

Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 19h04.

Rock in Rio, Lollapalooza e The Town podem ganhar um novo concorrente em breve no Brasil: o Spotify

Dos projetos gigantes da Rock World aos menores, como o João Rock e o Rock The Mountain, os festivais de música movimentam cifras bilionárias no Brasil. Em 2024, estima-se que os mais consolidados tenham movimentado mais de R$ 5 bilhões na economia, e entre os mais de 40 realizados, 10 tiveram a primeira edição no ano passado — caso do I Wanna Be Tour, que levou mais de 150 mil pessoas ao Allianz Parque, em São Paulo.

Segundo a diretora de relações-públicas global do Spotify, Dustee Jenkins, pode ser a vez da plataforma de música entrar nesse mercado. "Estamos avaliando com a nossa equipe de marketing. Seria divertido uma proposta como essa", disse ela em entrevista exclusiva à EXAME durante passagem pelo Rio de Janeiro.

Embora não seja conhecida por grandes festivais de música próprios, a plataforma de streaming já realizou alguns shows ao vivo menores e regionais. O Spotify Live (antes Greenroom), por exemplo, organizou lives, festas e bate-papo com artistas para lançamentos de músicas e álbuns ao longo dos anos.

"Somos diligentes e conscientes sobre onde estamos investindo, mas isso não quer dizer que não apostaremos nas áreas de oportunidade que vemos. Nos Estados Unidos ou no Brasil, se enxergarmos uma oportunidade de desenvolver alguma nova tecnologia ou lançar alguma nova função ou experiência, faremos isso", explicou Jenkins.

Dustee Jenkins, diretora de relações-públicas global do Spotify (Antony Jones/Getty Images for Spotify)

Brasil na mira?

Em 2025, o Spotify marca 11 anos de presença no Brasil. E Jenkins comentou que o país pode estar na mira da empresa para uma possível experiência como a de grandes festivais, especialmente pelo tamanho do mercado e de suas oportunidades.

Não seria uma ideia impulsiva, tampouco nova. Em 2024, o Spotify organizou o "This Is Marília Mendonça", um festival de música ao vivo no Allianz Parque em homenagem à cantora, que faleceu em 2021. A artista foi a primeira brasileira a ultrapassar a marca de 10 bilhões de streams na plataforma. O evento reuniu 25 mil pessoas.

"Estamos crescendo mais rápido do que a indústria e o Brasil é um mercado em rápido crescimento, o que por si só já traz um match diferente", explicou ela. "É um dos maiores e mais importantes mercados para o Spotify hoje, dentro do nosso Top 10, o que é muito empolgante para nós".

Na pesquisa da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), que ranqueia os maiores mercados de áudio e música do mundo, o Brasil aparece na nona posição e, em 2024, faturou sozinho R$ 3,486 bilhões. É hoje um dos maiores da América Latina — que compreende 23% dos assinantes globais do Spotify. E segue em crescimento, tanto na base de assinaturas quanto na presença de artistas dentro da plataforma.

Dados da pesquisa "Loud and Clear", feita pelo Spotify, mostram que o consumo local cresceu 22% no ano passado, mantendo uma média anual de +103% desde 2014 — quando a empresa chegou ao Brasil pela primeira vez. Só no ano passado, os artistas brasileiros geraram mais de R$ 1,6 bilhão em royalties na plataforma de streaming, um crescimento de 31% em relação a 2023 e acima da média do mercado musical nacional.

O valor é o dobro desde 2021 e cresceu nove vezes desde 2017, quando Jenkins assumiu o cargo na empresa.

Há outros motivos que elencam o país como um candidato ideal para um possível festival de música. Em 2024, usuários do Spotify em todo o mundo deram mais de 179 bilhões de streams de artistas brasileiros, que foram descobertos por novos ouvintes quase 12 bilhões de vezes — um crescimento de 19% em relação a 2023.

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Logo da Spotify (Mustafa Ciftci/Anadolu Agency/Getty Images)

Longe dos fones de ouvido

Ainda que embrionário, o conceito de um festival internacional do Spotify no Brasil seria um motor potente de movimentação financeira para a companhia. E viria em um bom momento: em 2024, a empresa apresentou lucro anual pela primeira vez na história, de € 1,14 bilhão (US$ 1,2 bilhão), após quase 20 anos no mercado de música.

Neste ano, a companhia segue no boom da expansão, rumo a se tornar líder de áudio no mundo — mesmo diante dos prejuízos trimestrais. Entre abril e junho de 2025, alcançou quase 700 milhões de usuários ativos, dos quais 276 milhões são pagos, crescimento de 12% no comparativo anual. A receita foi 10% maior, subindo para € 4,2 bilhões (U$ 5,01 bilhões), e o lucro operacional do período foi de € 406 milhões (U$ 473 milhões). O prejuízo, no entanto, foi de € 86 milhões (US$ 100 milhões).

Para conter o rombo, a empresa está atualizando os preços no Sul da Ásia, Oriente Médio, África, Europa, América Latina e região da Ásia-Pacífico, de acordo com um comunicado divulgado recentemente. No Brasil, o preço da assinatura premium individual será de R$ 23,90. O Duo custará R$ 31,90 e o Família, R$ 40,90.

"É o primeiro ano de lucro, o que é ótimo. Mas queremos ter certeza de que o padrão está muito alto para as coisas em que vamos investir. Queremos nos mover muito rápido e, ao mesmo tempo, ser muito eficientes enquanto fazemos isso", acrescentou Jenkins.

No Spotify desde 2017, a executiva iniciou a carreira na política americana, dentro do Capitólio, e chegou a trabalhar diretamente para a Casa Branca. Especialista em relações-públicas, passou por outras gigantes do varejo, como a americana Target, até entrar de vez para a plataforma de streaming de música, pouco antes da empresa entrar em IPO nos Estados Unidos, em 2018.

Resta ver se a vontade de fazer um festival próprio vai sair do campo das ideias e se encaixar no plano de investimentos da empresa.

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