Ciência

9 em cada 10 pacientes já abandonaram consultas sem se sentir ouvidos pelos médicos, revela pesquisa

Estudo também mostra que ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA) começam a reverter esse cenário

Estudo mostra que 9 em cada 10 pacientes já abandonaram consultas sem se sentir ouvidos  (	Chinnapong/Getty Images)

Estudo mostra que 9 em cada 10 pacientes já abandonaram consultas sem se sentir ouvidos ( Chinnapong/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 1 de outubro de 2025 às 21h46.

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A maioria dos brasileiros (92,2%) já saiu de uma consulta médica sem sentir que foi completamente ouvido, de acordo com uma pesquisa exclusiva realizada pela Voa Health, healthtech que utiliza IA na prática clínica, em parceria com a Opinion Box.

Dentre os pacientes entrevistados, 22% relataram que raramente sentem que suas dúvidas e preocupações são efetivamente escutadas pelos médicos.

“Os resultados deixam evidente uma lacuna na relação médico-paciente. Quando o paciente não se sente ouvido, todo o processo de cuidado é comprometido, até a adesão ao plano terapêutico pode ser prejudicada. A escuta ativa não é opcional, mas o principal pilar de um atendimento humano e efetivo”, destaca Fillipe Loures, médico e cofundador da Voa Health.

A pesquisa, realizada em agosto de 2025, entrevistou 500 pessoas de diversas regiões do Brasil para avaliar a experiência e a percepção dos pacientes durante consultas médicas. O levantamento revelou que 87% dos participantes gostariam de receber explicações mais detalhadas, em uma linguagem simples, sobre o diagnóstico e o tratamento. Quando questionados sobre os aspectos mais importantes em uma consulta, os entrevistados destacaram: explicações claras (49,4%), precisão diagnóstica (45,4%), empatia e cuidado (39,8%) e escuta atenta (25,6%).

“A pesquisa confirma que a combinação de diagnóstico assertivo e transparência no diálogo define a qualidade da experiência em saúde. O paciente não quer apenas ser ouvido: ele busca entender seu quadro clínico, participar das decisões e sentir-se parte ativa do cuidado”, complementa Loures.

Como a Inteligência artificial influencia na relação entre médico e paciente?

Muitas pessoas ainda associam a tecnologia ao distanciamento humano, e essa visão também é refletida nas consultas médicas. Por anos, era comum ver o médico alternando sua atenção entre o paciente e a tela do computador para registrar o caso clínico.

A tecnologia foi, por muito tempo, percebida como um fator que afastava médicos e pacientes, ao desviar a atenção do profissional para as telas e sistemas. No entanto, ferramentas baseadas em inteligência artificial estão começando a mudar esse cenário, automatizando o registro de informações para que o médico possa dedicar mais tempo à escuta ativa e ao diálogo direto.

De acordo com a pesquisa, 89,4% dos pacientes veem de maneira positiva as tecnologias que ampliam o tempo de conversa com o médico, e menos de 3% se mostram contrários ao uso de soluções digitais que promovam a humanização da consulta.

“É interessante observar o quanto recursos que aumentam o tempo do médico com o paciente são bem recebidos nos atendimentos. Nossa experiência na Voa mostra que conversar sem a interrupção causada pela digitação em prontuários é um alívio tanto para quem cuida quanto para quem é cuidado.”, compartilha Loures.

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