Tartaruga Golias: réptil tem primeiro filhote aos 135 anos (Zoo Miami/Divulgação)
Repórter
Publicado em 26 de junho de 2025 às 20h46.
Última atualização em 26 de junho de 2025 às 20h47.
Golias e Sweet Pea, duas tartarugas-das-galápagos centenárias, recentemente se tornaram pais pela primeira vez — embora possivelmente não saibam disso. Golias, que completou 135 anos de vida, é o pai da mais nova tartaruguinha, que nasceu no Zoológico de Miami, nos Estados Unidos, no dia 4 de junho, após 128 dias de incubação.
Este é o primeiro filhote de Golias, que, antes de viver no zoológico de Miami, passou boa parte de sua vida no Bronx Zoo, para o qual foi levado em 1929.
A tartaruga-das-galápagos, que figura na lista da IUCN (International Union for Conservation of Nature) como uma espécie ameaçada de extinção, é originária das Ilhas Galápagos. Goliath nasceu na ilha de Santa Cruz, em Galápagos, no dia 15 de junho de 1890. Antes de seu sucesso reprodutivo com Sweet Pea, o zoológico de Miami informou que ele acasalou com diversas fêmeas, mas nunca teve êxito em gerar filhotes.
Sweet Pea, por sua vez, chegou ao Crandon Park Zoo, na Flórida, como adulta em 1960, e sua idade estimada é de 85 a 100 anos, de acordo com uma nota emitida pelo zoológico de Miami.
O nascimento do filhote é um marco não só pela raridade do evento, mas também porque o zoológico está tentando registrar o feito no Guinness World Records, com Golias sendo reconhecido como "o pai de primeira viagem mais velho da história" e o casal como "os pais de primeira viagem mais velhos".
Embora o zoológico comemore o sucesso da reprodução, as tartarugas provavelmente não estão cientes de sua inscrição no Guinness ou do nascimento de sua cria, já que as tartarugas saem sozinhas dos ovos. O bebê, que parece saudável, foi retirado da incubadora e transferido para outro recinto do zoológico.
As tartarugas são conhecidas por sua impressionante longevidade, uma característica que resulta de uma combinação de fatores biológicos, genéticos, metabólicos e evolutivos.
Veja os fatores que explicam a longevidade das tartarugas:
Tartarugas possuem um metabolismo extremamente lento, o que significa que consomem menos energia e produzem menos radicais livres — moléculas que danificam as células com o tempo. Esse baixo gasto energético reduz o desgaste celular e contribui para o envelhecimento mais lento desses animais.
Elas apresentam características genéticas que as tornam menos suscetíveis aos efeitos do envelhecimento. O DNA das tartarugas é mais resistente a danos, e elas têm mecanismos eficientes para reparar ou eliminar células danificadas, como uma apoptose (morte celular programada) mais eficaz. Isso ajuda a prevenir doenças como o câncer.
Os telômeros, estruturas que protegem os cromossomos durante a divisão celular, se desgastam mais lentamente nas tartarugas do que em outros animais. Isso mantém a integridade genética por mais tempo, retardando o envelhecimento celular.
Tartarugas possuem um sistema imunológico robusto, com proteínas especiais (como perforina e granzima) que ajudam a eliminar células tumorais e proteger contra infecções, reduzindo a incidência de doenças comuns em animais mais velhos.
Do ponto de vista evolutivo, a longevidade das tartarugas é uma adaptação: como muitos de seus ovos e filhotes são predados, os adultos precisam viver bastante tempo para garantir que consigam se reproduzir várias vezes ao longo da vida, perpetuando assim a espécie.
O casco rígido oferece proteção contra predadores, aumentando as chances de sobrevivência até a idade adulta. Além disso, muitas espécies vivem em ambientes com poucos predadores naturais, o que também favorece uma vida longa.