Estagiária de jornalismo
Publicado em 4 de junho de 2025 às 12h09.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 12h42.
Em maio de 2025, astrônomos quebraram mais uma vez o recorde da galáxia mais antiga já detectada, graças ao poder do Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês), da Nasa.
Em um estudo preliminar ainda pendente de revisão por pares, os pesquisadores detalham suas descobertas sobre essa galáxia, chamada de MoM z14.
Estima-se que ela tenha se formado cerca de 280 milhões de anos após o Big Bang, superando o recorde anterior da galáxia JADES-GS-z14-0, que surgiu aproximadamente 290 milhões de anos depois do início do Universo.O Universo tem atualmente cerca de 13,8 bilhões de anos, enquanto a Terra possui aproximadamente 4,5 bilhões de anos. O JWST, lançado há pouco mais de três anos, surpreendeu a comunidade científica ao conseguir observar objetos tão próximos temporalmente do Big Bang.
Em termos de distância e tempo, a luz viaja a cerca de 300 mil quilômetros por segundo, e devido à expansão do Universo, observar a luz de objetos extremamente distantes equivale a vê-los como eram no passado.
Assim, afirmar que MoM z14 tem cerca de 13,5 bilhões de anos significa que seria necessário viajar à velocidade da luz durante esse período para alcançá-la. Até o momento, nenhum instrumento científico detectou algo mais distante ou antigo que essa galáxia.
Além de estabelecer um novo recorde, os pesquisadores conseguiram determinar algumas características de MoM z14 por meio do JWST. A galáxia é aproximadamente 50 vezes menor que a Via Láctea e apresenta linhas de emissão que indicam a presença de elementos como nitrogênio e carbono, sugerindo uma composição química complexa para um objeto tão primordial.
Antes da descoberta de MoM z14, a galáxia mais antiga conhecida era a JADES-GS-z14-0, que existia cerca de 300 milhões de anos após o Big Bang, com um redshift de 14,32, enquanto MoM z14 possui um redshift de 14,44. Essa nova observação não só redefine o limite da galáxia mais antiga, mas também desafia as expectativas iniciais da missão JWST, que não previa encontrar tantas galáxias relativamente brilhantes tão cedo na história do Universo.
Segundo Pieter van Dokkum, professor de Astronomia e Física da Universidade Yale e membro da equipe, "este é o objeto mais distante conhecido pela humanidade no momento, e isso sempre nos leva a refletir profundamente". Ele acrescenta que a existência de MoM z14, quando o Universo tinha apenas cerca de 280 milhões de anos, nos aproxima significativamente do Big Bang, ressaltando que espécies como os tubarões já existiam na Terra há mais tempo do que essa galáxia.
Desde que começou a enviar dados em 2022, o JWST tem se destacado na detecção de galáxias em altos redshifts — um fenômeno que ocorre quando o comprimento de onda da luz de objetos distantes é esticado para o vermelho devido à expansão do espaço. Essa capacidade permitiu identificar MoM z14 e outras galáxias primitivas com detalhes inéditos, abrindo novas perspectivas para o estudo do Universo primordial.
Esta descoberta foi amplamente divulgada em veículos como Wired e Space.com, destacando o papel revolucionário do JWST na exploração das origens cósmicas e na compreensão da formação das primeiras galáxias.