Copella arnoldi: o peixe amazônico que salta para desovar fora d’água (Wikimedia Commons)
Redação Exame
Publicado em 21 de junho de 2025 às 11h20.
Entre os peixes neotropicais, o copella arnoldi se destaca por um comportamento reprodutivo exclusivo: desova seus ovos fora da água, em folhas suspensas sobre igarapés da Amazônia.
Durante a reprodução, macho e fêmea sincronizam um salto para fora do rio, onde a fêmea deposita os ovos na parte inferior da folha, e o macho os fertiliza no mesmo instante. Cada salto dura cerca de 10 segundos e pode ser repetido até que 200 ovos estejam fixados na folha.
Após a desova, o macho permanece próximo da vegetação e, a cada minuto, salpica água nos ovos para evitar a desidratação e garantir oxigenação até a eclosão, que ocorre entre 36 e 72 horas.
A estratégia reduz o risco de predação por peixes e favorece o desenvolvimento embrionário pela maior concentração de oxigênio no ar. Por outro lado, torna os ovos extremamente vulneráveis à baixa umidade.
A reprodução é altamente sincronizada com a estação chuvosa da Amazônia, com picos em dezembro e abril. Essa dependência do regime hídrico torna a espécie sensível ao desmatamento e às mudanças climáticas, que afetam tanto a oferta de folhas quanto a umidade do microambiente.
A maturidade sexual ocorre a partir dos 18 milímetros de comprimento, com desovas parciais que garantem lotes contínuos ao longo da estação. As fêmeas produzem cerca de 148 oócitos por ciclo, mas apenas 47 estão prontos para fertilização a cada vez.
Há dimorfismo sexual evidente: machos têm cores mais intensas e nadadeiras maiores. Embora outras espécies de água doce também desovem fora d’água, a técnica de salto coordenado é única do *Copella arnoldi*.
Por ser valorizada no mercado de peixes ornamentais e altamente dependente de condições ambientais estáveis, seu ciclo reprodutivo é essencial para o desenvolvimento de políticas de manejo sustentável.