Repórter
Publicado em 23 de agosto de 2025 às 15h02.
Última atualização em 23 de agosto de 2025 às 15h12.
Cada indivíduo tem uma forma única de mentir, e essa diversidade despertou o interesse de Leanne ten Brinke, pesquisadora da Universidade da Colúmbia Britânica - Okanagan, que se uniu a outros estudiosos para investigar os métodos usados pelas pessoas para identificar mentiras. A pesquisa, recentemente publicada na Law & Human Behavior e divulgada em 21 de agosto, revela que o processo de detectar uma mentira é bem mais complexo do que parece à primeira vista.
Muitas pessoas acreditam que podem identificar um mentiroso com base na fala ou nas expressões faciais de alguém. No entanto, o estudo mostrou que esses sinais nem sempre são confiáveis para identificar uma mentira.
Leanne afirma: "Embora mentir seja uma prática comum, as pessoas têm uma capacidade limitada de perceber quando estão sendo enganadas. A taxa de acerto entre aqueles sem treinamento é de apenas 54%." Ela já havia investigado o comportamento de mentirosos em 2012 e, em 2025, decidiu revisar suas conclusões anteriores com novos dados.
Embora a sabedoria popular sugira que "mentira tem perna curta", os sinais de desonestidade são menos óbvios do que se acreditava. Em sua pesquisa inicial, Leanne identificou diversos comportamentos que poderiam ajudar a detectar mentiras. O estudo incluiu apelos públicos feitos por pessoas que pediam pelo retorno de parentes desaparecidos. Em alguns casos, esses indivíduos foram posteriormente acusados de estarem envolvidos no desaparecimento, o que sugeriria que estavam mentindo.
Leanne explica: "Mentirosos com grandes motivações podem tentar parecer tão convincentes que acabam demonstrando sinais ainda mais claros de desonestidade." Além disso, "em situações de grande pressão, as emoções intensas podem dificultar a habilidade de disfarçar ou esconder sentimentos."
Porém, a pesquisa mais recente aponta que os comportamentos dos mentirosos não seguem padrões consistentes. Ou seja, não se deve confiar em sinais típicos, como mudanças faciais ou hesitação na fala, para identificar uma mentira, especialmente em contextos tensos, como interrogatórios.
Para essa nova investigação, foram analisados 96 apelos públicos, sendo 82 de pessoas verdadeiras e 14 de indivíduos que estavam mentindo. As gravações foram transcritas e os pesquisadores observaram expressões faciais, como surpresa na parte superior do rosto e felicidade na parte inferior. Também realizaram um estudo detalhado sobre o número e o tipo de palavras usadas em cada apelo.
Os resultados revelaram que os mentirosos usaram mais palavras de hesitação do que as pessoas sinceras, em ambas as amostras analisadas. Além disso, aqueles que mentiram utilizaram um número menor de palavras em comparação aos verdadeiros, mas essa diferença foi significativa apenas na amostra original.
Os pesquisadores também observaram que os mentirosos sorriam mais frequentemente do que os que estavam dizendo a verdade. No entanto, a pesquisa não conseguiu confirmar um padrão claro para identificar mentirosos de maneira consistente, pois os sinais não foram igualmente observados em todas as amostras.
Para os estudiosos, "é necessário realizar mais pesquisas para compreender as razões por trás das diferenças nos resultados entre as amostras, mesmo utilizando a mesma metodologia de análise".