Bebidas alcóolicas: não existe um nível seguro de consumo para evitar hemorragias cerebrais (Kesu01/iStock/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 20h18.
O consumo excessivo de álcool, definido como o hábito de ingerir três ou mais doses diárias, pode estar diretamente relacionado a hemorragias cerebrais mais graves. Um estudo publicado no início de novembro na revista Neurology revela que as pessoas que bebem em excesso têm, em média, derrames hemorrágicos 11 anos antes do que aquelas com consumo moderado.
O trabalho, realizado por cientistas do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, reforça uma preocupação sobre o impacto do álcool na saúde cerebral. De acordo com o estudo, o álcool contribui para o aumento da pressão arterial, reduz a capacidade de coagulação sanguínea e pode levar a sangramentos mais severos, inclusive em regiões profundas do cérebro, onde o dano pode ser irreversível.
Embora as hemorragias cerebrais representem uma parcela menor dos derrames, elas têm uma gravidade maior, com taxas de mortalidade e de incapacidade bem mais altas. O estudo sugere que, ao longo do tempo, o consumo elevado de álcool vai fragilizando progressivamente os vasos sanguíneos cerebrais, tornando-os mais propensos a rupturas.
A pesquisa analisou 1.600 adultos que sofreram hemorragias intracerebrais. Os dados mostraram que o consumo regular de álcool acelera o surgimento de lesões, resultando em derrames mais graves e em uma faixa etária mais jovem. Em média, aqueles que consumiam mais de três doses por dia apresentaram o primeiro episódio de sangramento cerebral 11 anos mais cedo em comparação com os indivíduos com consumo mais moderado.
Entre os principais mecanismos que explicam essa relação estão o aumento da pressão arterial, a dilatação excessiva dos vasos e a redução da capacidade do organismo de coagular o sangue adequadamente. Esses fatores tornam o cérebro mais vulnerável a danos, principalmente nas áreas mais profundas, onde o sangramento pode ser mais difícil de tratar.
Uma das conclusões mais alarmantes do estudo é a ideia de que não há um "nível seguro" de consumo para prevenir derrames hemorrágicos. Mesmo o consumo moderado pode trazer riscos significativos a longo prazo, uma vez que o efeito acumulativo do álcool no organismo compromete a saúde vascular e cerebral.
A pesquisa também destaca que os resultados podem variar de acordo com o histórico de saúde de cada indivíduo, reforçando a necessidade de uma abordagem personalizada para o controle de fatores de risco. A pressão alta continua sendo o principal fator de risco para hemorragias cerebrais, mas os efeitos do álcool intensificam esse problema.