Estagiária de jornalismo
Publicado em 21 de julho de 2025 às 11h17.
Nos próximos meses, um evento raro vai iluminar os céus: a sombra de Titã, a maior lua de Saturno, será projetada sobre o planeta durante um eclipse natural.
Esse fenômeno acontece quando Titã passa entre Saturno e o Sol, alinhando os planetas de uma maneira que ocorre apenas a cada 15 anos. Entre julho e outubro de 2025, será possível observar o evento da Terra usando telescópios amadores.
Durante o eclipse, Titã passará entre Saturno e o Sol, e sua sombra será projetada na superfície do planeta. O fenômeno é causado por um alinhamento orbital raro entre a Terra e Saturno. Embora os anéis de Saturno estejam posicionados de perfil durante esse evento, dificultando sua observação, a sombra de Titã será claramente visível.
Entre julho e outubro deste ano, haverá cerca de 10 trânsitos visíveis da sombra de Titã sobre Saturno, com o mais importante ocorrendo na madrugada de 18 de julho de 2025, às 4h (horário de Brasília). Para observar, será necessário um telescópio amador com abertura superior a 10 cm e ampliação de cerca de 200 vezes.
Com um diâmetro de aproximadamente 5.150 km, Titã é maior que Mercúrio — o que por si só já a coloca entre os corpos mais notáveis do Sistema Solar. Além de seu tamanho imponente, Titã possui uma atmosfera densa e complexa, composta principalmente de nitrogênio e alta concentração de metano, criando condições únicas entre as luas conhecidas.
A sonda Cassini, da NASA, que orbitou Saturno entre 2004 e 2017, aprofundou drasticamente o conhecimento sobre Titã, fornecendo imagens detalhadas e dados científicos reveladores. Entre as descobertas mais marcantes está o fato de que Titã está se afastando do planeta a uma taxa de cerca de 11 centímetros por ano, um movimento muito mais acelerado do que se pensava, segundo pesquisa divulgada pela Universidade do Vale do Lobo, em Portugal, com base em dados da missão Cassini.
A atmosfera de Titã sofre oscilações semelhantes às de um giroscópio em função das estações do ano em Saturno, fenômeno observado pela análise de dados térmicos coletados ao longo dos 13 anos da missão Cassini, conforme pesquisa publicada no The Planetary Science Journal. Esse comportamento atmosférico destaca a complexidade da dinâmica meteorológica de Titã, tornando-a objeto privilegiado para futuras missões espaciais.
Saturno, conhecido como o gigante dos anéis, vem conquistando um novo título no Sistema Solar: o planeta com o maior número de luas confirmadas, com 146 satélites naturais, ultrapassando Júpiter, que possui 92, de acordo com dados recentes da Nasa e divulgação científica em 2025. Essa diversidade de satélites amplia o interesse científico sobre o sistema saturniano, onde Titã se destaca não apenas por seu tamanho, mas por suas características atmosféricas e geológicas singulares.
Entre as luas pesquisadas, destaca-se também Encélado, famosa por seus gêiseres que expelem água e partículas de gelo, apontados como fortes indícios da existência de oceanos subterrâneos e potencial para vida microbiana, embora o evento de observação atual se concentre na sombra projetada por Titã.
Para observar a sombra de Titã sobre Saturno, recomenda-se o uso de um telescópio com abertura superior a 10 cm, capaz de oferecer uma ampliação de pelo menos 200 vezes. O fenômeno pode ser visto durante alguns minutos a cada trânsito, e seu sucesso depende também das condições climáticas e da poluição luminosa local.
Finalmente, entusiastas podem utilizar aplicativos e sites como TheSkyLive.com para planejar as melhores noites de observação e guiá-los rumo ao gigante gasoso em seu alinhamento especial.