Ciência

Há 12 anos, Google tentou desafiar a morte com a Calico; entenda o projeto

Calico Life Sciences busca entender o envelhecimento e desenvolver terapias inovadoras para promover vida mais longa e saudável

Publicado em 5 de junho de 2025 às 12h47.

Última atualização em 5 de junho de 2025 às 13h03.

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Há 12 anos, o Google anunciava uma nova empresa com um propósito bastante ambicioso: desafiar a morte.

A Calico Life Sciences, uma subsidiária da Alphabet, foi criada para entender o processo biológico do envelhecimento e, com isso, desenvolver intervenções terapêuticas que possam permitir uma vida mais longa e saudável para os seres humanos.

A ideia era não apenas prolongar a expectativa de vida, mas também garantir que as pessoas possam envelhecer com saúde, sem sofrer as doenças debilitantes associadas ao envelhecimento.

Como surgiu a Calico?

A Calico surgiu em 2013, com Bill Maris, ex-executivo do Google, como fundador. O projeto foi inicialmente anunciado por Larry Page, cofundador do Google, com grande entusiasmo.

Page vislumbrou um futuro onde a biotecnologia poderia transformar a forma como entendemos a saúde humana, indo além do tratamento de doenças específicas para atacar diretamente o envelhecimento, uma das maiores causas de diversas condições graves, como Alzheimer, câncer e doenças cardiovasculares.

Com um orçamento inicial estimado em US$ 1,5 bilhão, a Calico recebeu uma atenção significativa desde o início.

A incorporação da Alphabet

Em 2015, a Calico foi oficialmente incorporada à Alphabet, a holding que organiza o Google e suas subsidiárias.

Com isso, a empresa passou a operar com mais liberdade e autonomia, embora ainda mantivesse forte conexão com as estratégias do Google. O envolvimento do Google, com sua enorme capacidade de investimento e acesso a tecnologias de ponta, foi crucial para dar à Calico os recursos necessários para avançar em suas pesquisas complexas e desafiadoras.

Apesar de ser uma subsidiária privada e não ter uma avaliação de mercado oficial como empresas públicas, alguns dados financeiros ajudam a dar uma ideia de seu tamanho e impacto no setor.

A receita anual da Calico foi de aproximadamente US$ 42,3 milhões em 2024, e, em maio de 2025, essa cifra aumentou para cerca de US$ 75 milhões. O crescimento é impulsionado em grande parte pelo investimento de mais de US$ 2 bilhões que a AbbVie destinou à empresa desde 2014 para financiar suas pesquisas conjuntas.

A Calico é frequentemente descrita como uma "empresa de pesquisa e desenvolvimento" (P&D) com uma abordagem altamente científica.

Parcerias estratégicas para fazer ciência

Desde o início, a Calico tem sido uma força centrada em torno da ciência.

A empresa foi capaz de atrair alguns dos melhores cientistas e pesquisadores da área, incluindo nomes renomados como Cynthia Kenyon, uma especialista mundialmente reconhecida em genética e biologia do envelhecimento.

A equipe da Calico é composta por especialistas em biologia, genética, bioinformática, biotecnologia, farmacologia e outros campos relevantes, formando um ambiente de pesquisa altamente interdisciplinar, e tem cerca de 400 empregados no total.

Além disso, a Calico formou parcerias estratégicas com algumas das maiores empresas farmacêuticas e instituições de pesquisa do mundo.

A mais notável dessas parcerias é com a AbbVie, um gigante farmacêutico, com quem a Calico colabora desde 2014. Juntas, as empresas têm trabalhado no desenvolvimento de medicamentos para tratar doenças associadas ao envelhecimento, como neurodegeneração, câncer e doenças do sistema imunológico.

A Calico também colabora com instituições acadêmicas de renome, como o Broad Institute de MIT e Harvard, e o Buck Institute for Research on Aging.

Pesquisa sobre envelhecimento

A pesquisa da Calico vai além dos limites da biologia convencional. A empresa adota uma abordagem multidimensional para estudar o envelhecimento, desde a biologia molecular até os organismos inteiros.

Utilizando organismos modelo como leveduras, vermes C. elegans, camundongos e até células humanas, a Calico explora como as células envelhecem e como isso afeta os tecidos, os órgãos e os sistemas do corpo.

Uma das abordagens mais inovadoras da Calico é o uso de animais como o rato-toupeira pelado, uma espécie conhecida por sua longevidade excepcional. Esses animais têm um sistema biológico único que os permite viver muito mais tempo do que outros mamíferos do mesmo tamanho. A Calico estuda os mecanismos genéticos e celulares que contribuem para a longevidade do rato-toupeira, esperando identificar fatores que possam ser aplicados à biologia humana.

Além dos modelos biológicos convencionais, a Calico também emprega tecnologias de ponta, como inteligência artificial e biologia computacional, para acelerar suas descobertas.

Usando grandes quantidades de dados genômicos e de expressão gênica, a empresa busca padrões e mecanismos que possam ser fundamentais para retardar ou até reverter o envelhecimento.

Desenvolvimento de remédios

Calico tem dado passos significativos no desenvolvimento de medicamentos voltados para o envelhecimento e suas doenças associadas.

Em parceria com a AbbVie, a empresa já desenvolveu mais de 20 programas de medicamentos em estágios iniciais, com alguns desses candidatos avançando para estudos clínicos. Um exemplo disso é o PTPN2, um inibidor que está em estudos clínicos para tratar indicações em imuno-oncologia.

Mas em todos os esforços foram bem-sucedidos. Um exemplo notório foi o medicamento fosigotifator, desenvolvido para tratar esclerose lateral amiotrófica (ALS), que falhou em seus testes clínicos — um golpe para a empresa.

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