Ciência

Mascar chiclete: mais benefícios ou riscos para a saúde?

A depender do estudo, a goma de mascar apresenta aspectos bons e ruins

Em termos digestivos, mesmo que a mastigação de chicletes ajude a reduzir os sintomas de refluxo, ela pode piorá-los em outras (Freepik)

Em termos digestivos, mesmo que a mastigação de chicletes ajude a reduzir os sintomas de refluxo, ela pode piorá-los em outras (Freepik)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de junho de 2025 às 17h05.

Mascar chiclete é um hábito comum, especialmente entre aqueles que enfrentam longas jornadas de trabalho. Uma pesquisa de 2019 do National Center for Biotechnology Information, com mais de 3.000 adolescentes e adultos nos Estados Unidos, revelou que 62% dos participantes haviam usado goma de mascar, com uma média de um chiclete por dia. Porém, o impacto desse hábito na saúde continua sendo debatido.

Benefícios para a saúde

Um estudo de 2022, que revisou 30 pesquisas sobre o tema, indicou que a mastigação de chiclete pode ser benéfica para a saúde bucal. O aumento da produção de saliva ajuda a neutralizar a acidez da boca, o que pode proteger os dentes contra "erosão". Além disso, o movimento de mastigar pode remover restos de alimentos e placa bacteriana dos dentes e gengivas, funcionando de forma semelhante à escovação. A saliva extra também pode ajudar a melhorar o hálito, combatendo o mau cheiro causado pela boca seca.

Em relação às gomas sem açúcar, um estudo de 2022 do National Center for Biotechnology Information concluiu que elas são uma opção mais saudável, pois o açúcar alimenta as bactérias causadoras de cáries. O xilitol, substituto do açúcar utilizado em algumas gomas, é uma alternativa. A pesquisa revelou que o consumo de chicletes com xilitol, de três a cinco vezes por dia após as refeições, pode reduzir o risco de cáries em até 17%.

Outro estudo, realizado em 2005 e divulgado pelo Sage Journals indicou que a mastigação de goma sem açúcar pode reduzir os níveis de ácido no esôfago, aliviando os sintomas de azia. A pesquisa constatou que, após a ingestão de alimentos que causam refluxo, a mastigação de chicletes por 30 minutos foi suficiente para diminuir os níveis de acidez no esôfago.

Melhora o estresse?

Pesquisas também sugerem que a mastigação de chicletes pode ter efeitos positivos sobre a cognição e o estresse. Um estudo de 2018, que envolveu 40 adultos e foi divulgado pelo Wiley Online Libray, concluiu que a mastigação de chicletes durante a apresentação de uma aula de fisiologia resultou em um melhor desempenho nos testes posteriores. Além disso, outras pesquisas apontam que a ação de mastigar pode ajudar a aliviar o estresse, ativando diferentes regiões do cérebro e aumentando o fluxo sanguíneo nessas áreas.

E os riscos?

Embora a mastigação de chicletes ofereça benefícios, ela também apresenta riscos, especialmente para a mandíbula e o sistema digestivo. Em relação à saúde bucal, um estudo apontou que a mastigação constante pode agravar problemas na articulação temporomandibular (ATM), responsável pela conexão da mandíbula ao crânio. Isso pode resultar em dores de cabeça, estalos na mandíbula e fadiga nos músculos faciais. Para evitar isso, recomenda-se limitar a mastigação a períodos curtos, de 15 a 20 minutos após as refeições.

Em termos digestivos, mesmo que a mastigação de chicletes ajude a reduzir os sintomas de refluxo, ela pode piorá-los em outras. Um estudo sobre o impacto da mastigação de chicletes no refluxo ácido sugeriu que a prática pode aumentar a sensação de azia. Além disso, a ingestão de ar durante a mastigação pode causar inchaço, gases e arrotos. Outro estudo alertou que o uso de substâncias como xilitol e sorbitol, presentes em algumas gomas, pode ter efeitos laxantes, além de dores abdominais e cólicas.

Plástico na boca?

Pesquisas recentes indicam que muitos chicletes contêm plásticos como polietileno e polivinilacetato, utilizados para garantir a elasticidade da goma. Esses materiais podem ser liberados na boca durante a mastigação, o que levanta preocupações sobre os efeitos na saúde. Um estudo apresentado pela Sociedade Americana de Química sugeriu que a maior parte desses plásticos é liberada nos primeiros minutos de mastigação, o que pode ser um ponto positivo para quem costuma descartar o chiclete rapidamente. No entanto, é recomendável evitar jogar o chiclete no chão para reduzir o impacto ambiental.

Acompanhe tudo sobre:Chicletes

Mais de Ciência

Telescópio James Webb captura primeira imagem direta de exoplaneta

Cientistas descobrem 20 novos vírus em morcegos na China e temem possível infecção em humanos

Os melhores horários para acordar: como escolher o momento ideal para começar o dia

CNOOC conclui maior campo de gás em águas profundas no mar do sul da China