Ciência

Possíveis múmias mais antigas do mundo são descobertas no sudeste asiático

Restos mortais de possíveis múmias na China, Vietnã e outros países na região podem ser mais de 5 mil anos mais antigos do que os atuais detentores do recorde

Espécimes detalhadas pelo estudo, com os membros comprimidos ao tronco. (Proceedings of the National Academy of Sciences /Internet)

Espécimes detalhadas pelo estudo, com os membros comprimidos ao tronco. (Proceedings of the National Academy of Sciences /Internet)

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 08h01.

Um grupo internacional de cientistas encontrou, em vários campos arqueológicos espalhados pelo sudeste asiático, fósseis de possíveis múmias que antecederiam em milhares de anos as atualmente consideradas mais velhas já encontradas.

Apesar de as múmias egípcias serem mais famosas, as comprovadamente mais velhas vieram do que é hoje Peru e Chile, e datam ter cerca de 7.000 anos. São oriundas de uma cultura de pescadores e coletores chamada Chincorro.

Os restos mortais encontrados no Sudeste Asiático, todavia, datam de até 12.000 anos atrás.

As múmias do Sudeste Asiático

O grupo de pesquisadores, que atuam em diversas universidades, detalhou suas descobertas em um estudo publicado nessa semana pelo jornal acadêmico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Segundo os cientistas, os restos mortais foram encontrados em posições agachadas, abraçando suas pernas de maneira intensa, com sinais de amarração.

O estudo analisou um total de 54 múmias oriundas de 11 sítios espalhados pelo sudeste asiático, datando de 12.000 a 4.000 anos no passado. Pertenciam a grupos de caça e coleta do período Neolítico.

Além do mais, evidências sugerem que seus corpos foram tratados com fumaça e calor.

O estudo elabora: “A evidência de mumificação discutida nesse estudo parece ter começado antes das tradições chilenas e egípcias, e vem das regiões úmidas de monção e chuva do leste e sudeste asiático. Nessas condições climáticas, dissecação natural não era possível, e apresentamos evidências que sugerem que os corpos foram defumados para curar e mumificar a pele ao redor dos esqueletos.

Práticas semelhantes nos dias de hoje

Práticas funerárias semelhantes aparecem em registos etnográficos de culturas nos planaltos de Papua Nova Guiné e partes da Austrália.

A fim de entender mais sobre o processo, o time conduziu pesquisas etnográficas com os povos Dani e Pumo, de Papua, que continuam a mumificar seus mortos dessa forma.

O processo desses povos também envolve a defumação dos corpos e a compressão de seus quatro membros ao tronco, logo após a morte.

“Esses exemplos são muito semelhantes aos dos nossos estudos no sudeste asiático,” diz a publicação.

Contestação

Todavia, outros especialistas contestam as evidências.

“Os métodos de datação utilizados poderiam ter sido mais robustos e ainda não é claro que múmias eram constantemente defumadas em todos esses locais na Ásia,” disse à Associated Press a especialista em evolução humana Rita Peyroteo Stjerna, pela Universidade de Uppsala na Suécia, que não estava envolvida com a pesquisa original.

Porém, ela adiciona que as descobertas “são uma importante contribuição ao estudo de práticas funerárias pré-históricas.”

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