O planeta está girando mais rápido — literalmente. Desde 2020, a Terra tem registrado os dias mais curtos desde o início das medições modernas, em 1973. E em 2025, o ritmo pode bater um novo recorde.
A expectativa é de que os dias 9 e 22 de julho ou 5 de agosto apresentem a rotação mais veloz já registrada, segundo cálculos do Timeanddate.com, do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) e do Observatório Naval dos EUA.
"Estamos diante de uma aceleração incomum", indicam os cientistas. Em 5 de julho do ano passado, a Terra completou sua rotação em 1,66 milissegundos a menos que as 86.400 segundos padrão de um dia — o menor tempo já registrado.
Até 2020, o planeta vinha desacelerando lentamente, principalmente pela influência gravitacional da Lua, que puxa os oceanos e contribui para a desaceleração da rotação. Mas isso mudou subitamente: nos últimos cinco anos, 28 dos dias mais curtos já registrados ocorreram nesse período.
Por que a Terra está girando mais rápido?
A ciência ainda não tem uma resposta clara. Hipóteses incluem movimentos do núcleo da Terra, deslocamentos de massa por derretimento de geleiras e variações nas correntes oceânicas e nos ventos. Outra possibilidade é o “Chandler wobble” — a leve oscilação dos polos geográficos.
Medições são feitas com altíssima precisão por relógios atômicos e acompanhadas por instituições como o IERS, que analisam variações de milissegundos no comprimento do dia.
Vai faltar um segundo no relógio?
A questão da rotação acelerada já pressiona sistemas de tempo. Se antes era necessário adicionar “segundos bissextos” para compensar o atraso da rotação, agora discute-se a adoção de segundos negativos — ou seja, a remoção de um segundo.
Apesar da aceleração, o IERS anunciou que não fará ajustes em 2025. A última alteração foi um segundo positivo, em dezembro de 2016.
Por que isso importa
Milissegundos podem parecer irrelevantes, mas a sincronia entre o tempo atômico e a rotação da Terra é essencial para GPS, redes globais, bolsas de valores e sistemas de comunicação que dependem de precisão absoluta no tempo.
Mesmo que temporária, a aceleração da Terra já representa um desafio técnico para a manutenção da hora oficial mundial. E os cientistas ainda tentam entender se esse comportamento é uma anomalia — ou uma nova fase no ritmo do planeta.