Ciência

Texas pode ser a esperança para o tratamento contra o câncer; entenda

Estudos com o radioisótopo astatina-211, o elemento mais raro da Terra, mostram resultados promissores contra células cancerígenas

Radioterapia: isótopo instável pode ser revolucionário no tratamento de câncer (Dominique Faget/AFP)

Radioterapia: isótopo instável pode ser revolucionário no tratamento de câncer (Dominique Faget/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 14h32.

Tratamentos para o câncer têm tido avanços significativos nos últimos anos. Diferentes abordagens, como a quimioterapia, métodos cirúrgicos e tratamentos farmacológicos têm sido exploradas por pesquisadores, alguns apresentando potencial de cura para a doença.

Na batalha contra o câncer, a radioterapia é uma das mais antigas formas de tratamento. Ela é utilizada por médicos desde o fim do século XIX, com o físico norte-americano Emil Grubbe sendo pioneiro no uso de raios-x na oncologia, em 1896.

Apesar da tecnologia ser antiga, ela não é obsoleta. Pesquisadores da Texas A&M University têm desenvolvido uma nova forma de radioterapia que pode revolucionar a oncologia.

Elemento natural mais raro da Terra

Por meio do Cyclotron Institute, ligado à universidade texana, a equipe liderada pela professora Sherry J. Yennello desenvolveu uma técnica para a produção e distribuição da astatina-211 (At-211). Ele é um radioisótopo (um átomo) de emissão alfa que vem demonstrando resultados promissores no combate a células cancerígenas.

A astatina é o elemento natural mais raro da Terra e também um dos mais instáveis.

Apesar de sua curta meia-vida, de apenas 7h, o isótopo At-211 tem se destacado por sua eficiência em destruir células tumorais sem causar danos significativos aos tecidos saudáveis. Por essa razão, o composto tem sido descrito como o “isótopo perfeito” ou “isótopo ideal” para terapias direcionadas.

Os experimentos conduzidos no K150 Cyclotron da Texas A&M mostraram que o At-211 pode ser especialmente eficaz no tratamento de cânceres de sangue, ovário e determinados tipos de tumores cerebrais.

O projeto conta com apoio do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) e integra a University Isotope Network, sendo a Texas A&M uma das duas únicas fornecedoras nacionais do elemento para uso médico.

Avanço na radioterapia

De acordo com Yennello, a chamada “terapia alfa direcionada” representa um avanço pela capacidade de destruir células cancerígenas localizadas com mínima exposição das regiões vizinhas. As partículas alfa, formadas por dois prótons e dois nêutrons, liberam energia intensa em distâncias muito curtas, o que reduz drasticamente o risco de efeitos colaterais.

Além disso, a rápida perda de radioatividade do At-211 o torna menos tóxico que outras formas de radioterapia de longa duração.

A ausência de produtos secundários de decaimento radioativo contribui para seu alto potencial terapêutico. Estudos clínicos já investigam o uso do isótopo em tratamentos de câncer hematológico e, em fases iniciais, até em pesquisas sobre doença de Alzheimer.

Segundo Yennello, a maior barreira atual é a disponibilidade limitada do elemento, mas os avanços do programa da Texas A&M estão ajudando a superar esse obstáculo. “Estamos cada vez mais próximos de tornar o At-211 uma ferramenta viável para a medicina nuclear”, afirmou a pesquisadora.

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