Centro de distribuição do Magazine Luiza: lojas físicas cada vez mais vão funcionar como estoques urbanos para agilizar entrega (Germano Lüders/ EXAME/Exame)
Colunista
Publicado em 5 de setembro de 2025 às 15h45.
Última atualização em 5 de setembro de 2025 às 19h20.
Por Stefano Willig
Muitos empresários olham para o estoque apenas como “produtos guardados no depósito”, mas, na prática, cada caixa parada representa dinheiro parado. E mais: dinheiro que poderia estar sendo usado para pagar contas, investir em novos produtos ou até mesmo ampliar as vendas.
Quando o estoque está mal dimensionado, dois problemas comuns aparecem. O primeiro é o excesso de mercadoria, que imobiliza o capital da empresa e aumenta custos com armazenagem. O segundo é a falta de produtos, que resulta em vendas perdidas e clientes insatisfeitos. Ambos os cenários tiram a saúde financeira do negócio e reduzem a sua rentabilidade.
Imagine duas empresas do mesmo setor:
A diferença entre elas não está apenas em vender mais, mas em saber administrar bem o estoque. Esse é o ponto de partida para transformar o depósito em uma verdadeira alavanca de crescimento financeiro.
Dois indicadores podem revelar rapidamente se a sua empresa está ganhando ou perdendo dinheiro com estoque: giro de estoque e cobertura de estoque.
Esses dois indicadores se complementam. Um giro alto normalmente indica boa saúde financeira, enquanto uma cobertura muito longa pode ser sinal de excesso de produtos parados.
Um erro comum é calcular o giro usando o faturamento das vendas. Isso distorce os números, porque o preço de venda inclui impostos, margens e outros custos. O cálculo correto deve ser feito em unidades ou em custo do produto. Assim, o lojista tem uma visão real da velocidade de renovação do estoque.
Na prática, acompanhar esses dois números ajuda a responder perguntas essenciais:
Um dos maiores desafios de quem gerencia estoques é encontrar o equilíbrio entre não deixar faltar produto e não deixar sobrar demais. Para isso existe o dimensionamento de estoque, que nada mais é do que calcular a quantidade certa de cada item para atender às vendas sem comprometer o caixa.
Três conceitos são fundamentais nesse processo:
Na prática, quando o fornecedor atrasa constantemente, muitas empresas cometem o erro de aumentar o estoque de segurança para compensar. Mas isso significa mais dinheiro parado. A solução correta é renegociar prazos, buscar fornecedores mais confiáveis ou rever a política de compras.
Fazer o dimensionamento com base em números dá muito mais segurança. Em vez de comprar “no olho” ou “pelo achismo”, o lojista consegue planejar, manter um fluxo saudável de mercadorias e liberar caixa para investir no crescimento do negócio.
De nada adianta ter relatórios sofisticados se os números não refletem a realidade do estoque. É aí que entra a acuracidade, que mede o quanto o estoque registrado no sistema é igual ao que realmente está no depósito.
Muitas empresas calculam acuracidade em valores financeiros. Esse é um erro, porque as diferenças de itens podem se anular: falta de um produto e sobra de outro podem dar a impressão de que “está tudo certo”. Mas, na prática, não está.
O correto é medir por item (SKU). Isso mostra com clareza se cada produto está corretamente registrado. Por exemplo: o sistema indica que há 3 unidades de um item em estoque. O cliente compra pelo site, mas, no inventário físico, só existem 2. Resultado: venda cancelada, cliente frustrado e credibilidade prejudicada.
Ter alta acuracidade significa poder confiar no sistema para comprar, vender e planejar sem surpresas. Em operações de e-commerce, em que muitas vezes o estoque é reduzido, esse cuidado é ainda mais vital. Basta uma divergência para comprometer o atendimento e gerar custos extras.
Manter a acuracidade em níveis elevados exige disciplina em inventários e processos de conferência, mas é um investimento que garante decisões confiáveis e evita perdas silenciosas que corroem o lucro.
Pouca coisa é mais frustrante para um cliente do que querer comprar um produto e ouvir: “não temos no estoque”. Esse é o caso clássico da ruptura, quando a venda não acontece simplesmente porque a mercadoria não estava disponível.
Aqui é importante entender a diferença entre venda e demanda real. Imagine que um cliente pede 50 unidades de um produto, mas no estoque só existem 10. O sistema registra a venda de 10, mas a demanda real era 50. Se o gestor olhar apenas a venda, pode acreditar que precisa comprar pouco, quando na verdade deveria se preparar para um consumo bem maior.
Outra situação comum é a substituição. Se um cliente pede uma marca específica de arroz e ela está em falta, o vendedor pode oferecer outra marca similar. Além de salvar a venda, essa abordagem abre espaço para apresentar novos produtos e até aumentar o ticket médio.
As rupturas acontecem com mais frequência nos itens de baixo giro, aqueles da classe C, que costumam ter margens mais altas. Ou seja, cada ruptura não significa apenas uma venda perdida, mas também a perda de uma oportunidade de maior rentabilidade.
Por isso, acompanhar a demanda real e alinhar compras com esse dado é fundamental para reduzir rupturas e transformar o estoque em aliado das vendas.
Nem todos os produtos do estoque têm o mesmo peso para o negócio. Alguns giram muito rápido, outros vendem pouco, mas geram boa margem. Para organizar essa realidade, existe a curva ABC, que divide os itens em três grupos:
Aplicar a curva ABC na gestão de estoque permite criar políticas diferentes para cada grupo. Nos itens A, a cobertura deve ser baixa e o giro alto, evitando excesso de capital parado. Já nos itens C, a cobertura pode ser maior, sem impacto financeiro significativo, mas garantindo que o cliente sempre encontre opções diferenciadas.
Cuidar do estoque na ponta do lápis é possível, mas extremamente trabalhoso. Planilhas manuais costumam gerar erros, atrasar decisões e dificultar a análise de indicadores importantes como giro, cobertura e curva ABC.
A tecnologia torna esse processo muito mais ágil. Um bom sistema de controle de estoque, normalmente um sistema de gestão, gera relatórios automáticos e atualizados, que mostram com clareza onde estão os gargalos e quais produtos merecem mais atenção. Isso significa menos tempo perdido em cálculos e mais foco na tomada de decisão.
Com o AWISE, por exemplo, o lojista tem acesso imediato a relatórios completos de curva ABC, giro de estoque, cobertura de estoque e outros indicadores fundamentais. Esses relatórios não apenas mostram a situação atual, mas também ajudam a planejar compras, evitar rupturas e equilibrar o capital de giro.
Em vez de trabalhar no escuro, o gestor passa a ter uma visão clara e confiável do estoque. E quando os números estão certos, fica muito mais fácil transformar a gestão em resultados concretos de rentabilidade.
Estoque não é só mercadoria guardada: é capital de giro, é fluxo de caixa e, muitas vezes, é a diferença entre o negócio crescer ou ficar travado. Ao longo deste artigo, vimos que indicadores como giro e cobertura, ferramentas como o dimensionamento e a curva ABC, e cuidados com acuracidade e gestão da demanda são pilares de uma operação saudável.
Quando bem aplicadas, essas práticas evitam excessos, reduzem rupturas e transformam o estoque em um verdadeiro motor de rentabilidade. O segredo está em acompanhar os números de perto e ajustar a estratégia de acordo com a realidade de cada produto.
Com a ajuda da tecnologia, como os relatórios prontos oferecidos pelo AWISE, esse processo se torna muito mais simples e confiável. Em vez de perder dinheiro com mercadorias paradas ou vendas frustradas, o lojista passa a enxergar o estoque como um aliado no crescimento.
No fim das contas, não se trata apenas de controlar produtos. Trata-se de liberar caixa, aumentar margens e garantir que o cliente sempre encontre o que procura. E é exatamente isso que diferencia uma empresa que luta para sobreviver de outra que cresce com solidez.