CEO da beuty'in
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 16h52.
No debate sobre empreendedorismo feminino, há uma cifra que deveria mudar a forma como governos, empresas e investidores tomam decisões: até US$ 5 trilhões.
Esse é o aumento potencial no PIB mundial estimado pelo Boston Consulting Group caso mulheres participem do empreendedorismo na mesma proporção que os homens.
Não se trata de um valor “perdido anualmente”, mas de um potencial de crescimento capaz de reposicionar a economia global, um número tão expressivo que supera, sozinho, todo o PIB do Japão (≈ US$ 4 trilhões), hoje a terceira maior economia do mundo.
Em um contexto de baixo crescimento global, essa estimativa deveria estar no centro das discussões econômicas. Ainda assim, permanece à margem.
É diante desse cenário que que hoje, no Dia do Empreendedorismo Feminino, lanço a ideia do selo “Feito por Mulheres”, um movimento para dar visibilidade e força às empresas lideradas por mulheres. Não é uma solução para os 5 trilhões, mas um passo simbólico e prático para tornar visível o que por décadas permaneceu invisível.
A conta que não fecha: eficiência maior, investimento menor
Os estudos são consistentes: mulheres entregam mais retorno por dólar investido do que homens.
Uma análise do Boston Consulting Group com dados da MassChallenge mostra que startups fundadas ou cofundadas por mulheres geram US$ 0,78 de receita para cada US$ 1 investido, contra US$ 0,31 nas startups fundadas por homens — um diferencial de eficiência de capital de cerca de 2,5 vezes (BCG, 2018). Importante: essa conclusão é baseada na amostra de aceleradas analisadas no estudo, não em toda a população de startups; mesmo assim, o achado é bastante expressivo e amplamente citado como evidência de maior rendimento por dólar investido em empresas lideradas por mulheres.
Além da eficiência financeira, iniciativas multilaterais e programas como o Women Entrepreneurs Opportunity Facility (WEOF) da IFC/Goldman Sachs documentam que empreendedoras tendem a direcionar boa parcela de ganhos para saúde, educação e família, ampliando o impacto local dos seus negócios (WEOF/IFC, relatórios e progressos 2014–2025). Pesquisas da IFC sobre cadeias produtivas confirmam que a participação feminina costuma aumentar resiliência e continuidade em mercados emergentes (IFC, 2023).
Quanto à inovação e governança, relatórios como o Women in the Workplace 2024 (McKinsey) indicam que empresas com maior representação feminina na liderança tendem a apresentar melhores indicadores de inovação e cultura organizacional.
Apesar disso, elas recebem:
Ou seja:
mulheres são mais eficientes, mais responsáveis e mais estratégicas e, mesmo assim, recebem menos.
A conta não fecha. E nunca fechou. Mas está na hora de fechar!
O panorama brasileiro: potencial enorme, barreiras maiores ainda
No Brasil, o cenário repete a tendência global e, em alguns pontos, a intensifica. Apenas 4,7% das startups do país são exclusivamente femininas, segundo o Female Founders Report 2021 (Distrito, Endeavor e B2Mamy), e levantamentos recentes do ecossistema indicam que apenas 10% a 12% do volume de venture capital chega a negócios liderados por mulheres. Relatórios internacionais da OCDE e do GEM também mostram de forma consistente que mulheres têm menor probabilidade de acessar financiamento, redes e capital embora os percentuais variem conforme metodologia, país e ano, o que torna inadequado citar números fixos sem fonte direta. O diagnóstico, porém, é inequívoco: a barreira não está no talento, mas no acesso estruturado.
Visibilidade também é poder econômico: por que criei o “Feito por Mulheres”
Diante de dados tão consistentes, a ideia de criar o selo Feito por Mulheres surgiu com um propósito simples e direto:
Tornar visível quem já entrega mais valor, mas recebe menos reconhecimento.
O selo pode estar em:
Ele não resolve sozinho a discrepância dos US$ 5 trilhões, mas quebra o ciclo da invisibilidade econômica uma das barreiras mais estruturais no empreendedorismo feminino.
Não é sobre bandeiras. É sobre economia.
Apoiar mulheres não é um gesto social: é uma estratégia econômica de alto impacto.
Diversos estudos como BCG, McKinsey, ONU Mulheres, IFC, mostram que empresas com mulheres no comando tendem a apresentar:
Quando mulheres empreendem, a economia:
Quando não empreendem, o mundo renuncia a trilhões em potencial econômico.
A urgência está posta, e não é abstrata
O debate não deve ser:
“Quanto ganhamos ao apoiar mulheres?”
A pergunta real é:
Se apoiar mulheres é uma oportunidade econômica e não apenas uma pauta social, a pergunta é: por quanto tempo ainda vamos aceitar perder trilhões ao não fazê-lo?
O selo Feito por Mulheres nasce hoje como uma resposta concreta simples, direta e economicamente estratégica para começar a corrigir uma distorção que custa caro demais, ao Brasil e ao mundo.
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