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A economia brasileira em meio às mudanças das políticas globais

O Brasil, como grande exportador de commodities e produtos industriais, é sensível a mudanças no tarifário internacional

pib do brasil (Dado Galdieri/Bloomberg/Getty Images)

pib do brasil (Dado Galdieri/Bloomberg/Getty Images)

Rachel Maia
Rachel Maia

Fundadora e CEO da RM Cia 360

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 19h43.

A economia brasileira está conectada e integrada ao mercado global, e as novas políticas internacionais — especialmente as relacionadas a tarifas e acordos comerciais. Alterações nas regras de comércio exterior, como o aumento ou redução de tarifas, barreiras não tarifárias e exigências regulatórias, influenciam diretamente as exportações, importações, investimentos e a competitividade brasileira.

Com o mundo em constante transformação — seja por novas regulações ambientais, políticas comerciais, ou fluxos financeiros globais — entender essas influências é essencial para planejar estratégias econômicas eficazes e, principalmente, de desenvolvimento sustentável para o país.

Essas mudanças impactam setores-chave da economia brasileira de formas diferentes. Enquanto o agronegócio enfrenta barreiras ambientais e tarifárias, a indústria e a tecnologia podem ganhar com novos acordos e investimentos. Manter a competitividade no mercado global é essencial para ganhar fôlego para esse cenário de desafios contínuos.

Tarifas e novas políticas internacionais no Brasil

O Brasil, como grande exportador de commodities e produtos industriais, é sensível a mudanças no tarifário internacional. Nos últimos anos, houve um movimento de aumento do protecionismo em algumas economias importantes, como os Estados Unidos, que revisaram suas tarifas sobre produtos siderúrgicos e agrícolas, impactando fornecedores brasileiros.

Além disso, a China, maior parceiro comercial do Brasil, vem adotando tarifas e barreiras técnicas mais rigorosas para importações, especialmente relacionadas a padrões ambientais e sanitários. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), tarifas elevadas podem aumentar o custo dos produtos brasileiros em até 12% nos mercados externos, reduzindo a participação do país em cadeias globais de valor.

Com o avanço das políticas ambientais globais, como o Acordo Verde Europeu (European Green Deal), surgiram novos requisitos para importações, que funcionam como barreiras tarifárias indiretas. Produtos com elevada pegada de carbono ou provenientes de regiões com desmatamento têm sido taxados ou restringidos, afetando diretamente exportações brasileiras de soja, carne e madeira.

As barreiras ambientais comerciais incentivam o Brasil a adotar práticas mais sustentáveis e a investir em tecnologias que reduzam o impacto ambiental, alinhando-se aos padrões internacionais. Apesar dos desafios, essa medida abre oportunidades para que os produtos brasileiros conquistem mercados que priorizam a responsabilidade ambiental.

As mudanças tarifárias influenciam o custo de insumos importados, impactando setores industriais e agropecuários no Brasil e afetando as cadeias produtivas e a economia como um todo.  A variação nas tarifas altera a competitividade dos produtos nacionais tanto no mercado interno quanto no externo.

A insegurança tarifária pode desestimular investimentos estrangeiros, que buscam ambientes regulatórios estáveis para ampliar suas operações no Brasil. Para mitigar os impactos negativos das mudanças no tarifário internacional, o Brasil precisa fortalecer sua diplomacia comercial, diversificar mercados e participar ativamente de blocos econômicos e acordos comerciais multilaterais.

A modernização do sistema tarifário brasileiro e o alinhamento com padrões internacionais são essenciais para manter a competitividade. É por isso que investimentos em inovação, sustentabilidade e qualificação da mão de obra também são estratégias-chave para adaptar a economia brasileira às oscilações do cenário global.

O fortalecimento da diplomacia econômica, a adaptação regulatória e a promoção da sustentabilidade são pilares para que o Brasil se mantenha relevante e competitivo. As novas políticas internacionais têm um impacto multifacetado na economia brasileira, exigindo uma estratégia nacional integrada que responda aos desafios e aproveite as oportunidades.

Para empresários, investidores e formuladores de políticas, o entendimento das tendências internacionais e sua tradução para ações locais será decisivo para o futuro econômico do país.