Economia

Após decisão do TCU, Haddad diz que continuará perseguindo meta fiscal

Ministro da Fazenda também declarou que indefinição do Congresso sobre as medidas de socorro às empresas do tarifaço dos EUA em afetado negativamente os empreendedores

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 21h11.

Última atualização em 24 de setembro de 2025 às 21h19.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quarta-feira, 24, que o governo continuará buscando atingir a meta fiscal estabelecida pelo Congresso, mesmo após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que afirmou ser irregular mirar o piso inferior da meta do resultado primário das contas públicas e que essa ação não condiz com as regras de responsabilidade fiscal.

Em conversa com jornalistas, Haddad afirmou que a compreensão da área técnica do TCU sobre a posição do governo se aproxima do entendimento do Planalto e do Congresso sobre a lei, mas ressaltou que o orçamento é a prioridade.

"A área técnica do TCU entendeu uma coisa que é muito próxima do que a gente entende que diz a lei e muito próxima do que o Congresso entende que diz a lei, que é que o orçamento tem que ser executado", diz o ministro. "Quando nós fomos introduzir uma norma dizendo que o governo poderia buscar um resultado melhor fiscal, o próprio Congresso rejeitou essa norma. Então, eu penso que precisa de um esclarecimento em relação à decisão do Congresso".

Apesar da decisão do Tribunal de Contas da União, Haddad afirma que manterá a estratégia da equipe econômica. "Independentemente do que diz a norma, estamos buscando o centro da meta. No ano passado, seguimos a regra e nos aproximamos dela, longe do piso”, declarou.

Haddad também ressaltou que, em 2023, o governo tentou incluir na PEC uma norma que possibilitasse a busca por um resultado fiscal mais ambicioso, mas a sugestão foi recusada pelo Congresso. "Estamos alinhados com o que foi estabelecido pelo Legislativo", completou.

Linhas de crédito às empresas afetadas pelo tarifaço

Haddad pontuou que a demora para o Congresso iniciar a votação da lei que permite os aportes aos fundos de apoio às empresas impactadas pelas tarifas de importação dos Estados Unidos tem afetado negativamente as pequenas e médias empresas.

"Não conseguimos aportar recursos para os fundos garantidores sem uma lei. A linha de crédito pode ser feita por medida provisória, mas o aporte para os fundos, não", disse o ministro.

No final de julho, Haddad havia confirmado que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preparou um plano de contingência para oferecer linhas de crédito para ajudar as empresas a enfrentar os impactos das taxações. A medida é uma reação do governo federal às tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos do Brasil.

Isenção do Imposto de Renda

Em relação à possibilidade de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda para valores superiores a R$ 5 mil, o ministro da Fazenda expressou surpresa com a sinalização de um deputado da oposição, que se mostrou favorável a compensar essa medida com a revisão das emendas parlamentares.

“Apesar de a compensação precisar vir por meio da receita, o gesto de renunciar às emendas em favor da isenção foi digno de elogios”, disse.

Nesta terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a votação do projeto de aumento da isenção do Imposto de Renda ocorrerá na próxima quarta-feira. Relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), o texto do projeto foi enviado ao Congresso em março e é uma promessa da campanha de Lula. A proposta já foi aprovada por uma comissão especial em julho e aguarda análise pelo plenário principal da Câmara.

Na manhã desta quarta-feira, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou o projeto de lei. O texto aprovado prevê também um desconto decrescente no imposto para pessoas que ganham entre R$ 5.001 e R$ 7.350. A faixa de isenção atual do IR é de R$ 3.036, ou dois salários mínimos.

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