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Chanceler de Lula vai aos EUA e tenta destravar negociações às vésperas do tarifaço de Trump

Agenda inicial trata da Palestina, em Nova York, mas existe a possibilidade de Vieira ir à capital americana

Agência o Globo
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Publicado em 28 de julho de 2025 às 06h34.

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou neste domingo, 28, a Nova York, às vésperas do início do tarifaço de Donald Trump, que pode impor uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao país.

Vieira tem como compromisso oficial uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre uma a situação na Palestina. Porém, emissários do governo brasileiro transmitiram a auxiliares de Trump a possibilidade da ida do chanceler ser um meio de destravar as negociações da tarifa em um nível ministerial.

De acordo com integrantes do governo brasileiro, até agora, não houve negativa e nem sinalização positiva por parte da Casa Branca a essa iniciativa.

Porém, o recado que emissários das Embaixadas brasileiras em Washington passou foi que, se os Estados Unidos, indicarem que estão prontos a conversar sobre tarifas, o ministro também estará. Por isso, existe a possibilidade de Vieira ir à capital americana.

Menos de uma semana antes do fim do prazo para entrada em vigor do tarifaço, Estados Unidos e União Europeia (UE) fecharam neste domingo um acordo que prevê tarifas de 15%, evitando que a ameaça de sobretaxa de 30% para os 27 Estados-membro se tornasse realidade.

A medida deve trazer alívio aos mercados neste começo de semana por reduzir incertezas a respeito do comércio global. Mas a proximidade da data-limite de 1º de agosto aumenta a pressão sobre o Brasil, que ainda não conseguiu estabelecer um canal direto de negociação com a Casa Branca e enfrenta o risco de lidar com tarifas de 50%.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva tem batido na tecla que querem colocar na mesa processos em andamento no Judiciário brasileiro. Isso foi transmitido aos EUA, de acordo com membros da diplomacia brasileira.

Na carta em que anunciou as tarifas sobre o Brasil, Donald Trump e citou Jair Bolsonaro e disse que o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF) era “uma vergonha internacional”.

Nos bastidores, auxiliares de Lula afirmam que os EUA resistem em reabrir o diálogo para um acordo comercial para evitar a taxação dos produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto, porque querem colocar na mesa processos em andamento no Judiciário brasileiro.

Apesar dos acordos já anunciados por Trump, assessores diretos do presidente dizem que a situação do Brasil é diferente, pois as conversas não se dariam apenas no campo comercial. Além disso, ministros afirmam que os canais de negociação foram obstruídos de foram deliberadas.

Desde que anunciou uma sobretaxa de 50% para todos os produtos brasileiros, o presidente dos EUA, Donald Trump, vem atacando a Suprema Corte do Brasil. Afirmou que Bolsonaro, sobre o qual pesa um processo sobre tentativa de golpe de Estado, está sendo perseguido pela Justiça brasileira. E determinou a abertura de uma investigação comercial.

A posição do governo Lula é de negociar com os EUA, exclusivamente, a questão comercial. No dia 16 de maio último, foi enviada a Washington uma carta solicitando às autoridades americanas que informem que produtos gostariam de vender mais ao Brasil e quis têm interesse em aumentar as importações. Até o momento não houve resposta.

Em nota divulgada na noite deste domingo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços disse que, desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo governo norte-americano, o governo brasileiro vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica.

"Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano", diz o texto.

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