Economia

CNI critica Selic em 15% e alerta: 'É a paralisia nos investimentos produtivos'

Para a representante do setor, é necessário que o Banco Central faça cortes na taxa de juros a partir da próxima reunião do Copom, em novembro

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 20h09.

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou como injustificada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 15% ao ano, nesta quarta-feira, 17.

Para a representante do setor de indústrias, a posição do Banco Central é conservadora, apesar dos sinais favoráveis do quadro inflacionário e do desaquecimento intenso da atividade econômica.

“Não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos. Não existe inovação, reindustrialização, crédito acessível. O que existe é a paralisia nos investimentos produtivos com sequelas para toda a sociedade. Já passou do momento de uma política monetária mais favorável", argumenta Ricardo Alban, presidente da CNI.

O executivo também questiona: "Afinal, por que correr o risco de fazer investimento produtivo se é possível obter, sem esforço, um rendimento real de 10% ao ano aplicando no mercado financeiro?”

Para o Banco Central, a decisão de manter a taxa de juros em 15% é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta. No comunicado, o Copom disse ainda que a manutenção também implica na suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Para Alban, no entanto, é necessário que o Banco Central faça cortes na Selic a partir da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em novembro, a penúltima de 2025.

"Em paralelo à redução da Selic a ser feita pelo Copom, é fundamental que se construa um pacto de toda a sociedade em torno da agenda do ajuste das contas públicas, baseado na redução das despesas, de forma a melhorar a sintonia entre as políticas fiscal e monetária e, com isso, assegurar a redução expressiva e sustentada dos juros".

De acordo com a CNI, o setor produtivo enfrenta um cenário desafiador, não apenas pela Selic elevada, mas também pela perda de competitividade, provocada pelos aumentos das alíquotas do IOF sobre as operações de crédito e câmbio e a elevação das tarifas dos Estados Unidos sobre as exportações do Brasil.

"Não à toa, os empresários industriais demonstram falta de confiança há 9 meses, segundo o Índice de
Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da CNI, o que compromete a disposição do setor em investir e contratar mão de obra. Esse cenário de dificuldades exige postura mais atenta do Banco Central para que inicie, já na próxima reunião, o tão necessário ciclo de cortes na Selic", diz a CNI, em nota.

Entenda a decisão do BC sobre a Selic

O Copom optou pela manutenção dos juros em 15% ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado. Essa é a segunda manutenção consecutiva da Selic

Em relação aos próximos passos, o comitê manteve a mesma comunicação da última reunião, sem indicação do início de um ciclo de corte de juros no curto prazo.

O comunicado emitido nesta tarde reforçou que em um cenário, marcado por elevada incerteza, é necessário "cautela na condução da política monetária". 

"O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", afirmou. 

O colegiado também afirmou que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados e "que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado".

Qual é a Selic hoje?

O Banco Central manteve a taxa de juros em 15% ao ano.

O que é a taxa Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear os demais juros, tanto para quem recebe, quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem investe.

Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.

É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.

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