Repórter
Publicado em 24 de junho de 2025 às 08h32.
Última atualização em 24 de junho de 2025 às 10h56.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou, em ata divulgada nesta terça-feira, 24, que, diante do cenário de inflação elevada, expectativas desancoradas e incertezas globais, será necessário manter uma política monetária restritiva por um período prolongado.
O Comitê reiterou que o aumento da taxa de juros em 0,25 ponto percentual, alcançando 15% ao ano, é uma medida essencial para garantir a convergência da inflação à meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
"Os dados mais recentes corroboram a interpretação de um mercado de trabalho dinâmico com expressiva geração de empregos formais e redução da taxa de desemprego. Houve, por outro lado, alguma desaceleração nos rendimentos, mas ainda persistem em patamar elevado, dando suporte ao crescimento da renda ampliada das famílias. Ressaltou-se que a inflexão no mercado de trabalho também é parte dos mecanismos de transmissão da política monetária e deve ficar mais evidente e forte ao longo do tempo, de modo compatível com um cenário de política monetária restritiva", disseram os economistas do Banco Central (BC) na ata.
Em sua análise, o Copom ressaltou que a inflação segue acima da meta e que as expectativas inflacionárias para os próximos anos permanecem elevadas. Esse cenário, segundo a ata, exige uma política monetária contracionista por um período prolongado, já que a inflação também está sendo influenciada por expectativas de aumento nos preços que não estão adequadamente ancoradas.
Além disso, o Copom citou que o cenário internacional continua a ser marcado por altos níveis de incerteza devido à situação econômica nos Estados Unidos, com reflexos das políticas comerciais e fiscais no mercado financeiro global. A volatilidade nas condições financeiras globais, agravada pela instabilidade geopolítica e pela recente elevação nas tarifas comerciais, exige uma abordagem mais cautelosa na política monetária doméstica, segundo a ata.
O conflito geopolítico no Oriente Médio e suas possíveis consequências sobre o mercado de petróleo também adicionam incerteza sobre o cenário externo prospectivo, segundo o Copom. "O cenário já tem provocado mudanças nas decisões de investimento e consumo. Ainda é cedo para concluir qual será a magnitude do impacto sobre a economia doméstica, que, por um lado, parece menos afetada pelas recentes tarifas do que outros países, mas, por outro lado, é impactada por um cenário global adverso", diz a ata.
O Comitê também ressaltou que a política fiscal "é essencial para garantir a estabilidade dos preços". Caso as reformas fiscais não avancem ou se as políticas fiscais expansionistas forem mantidas, isso pode gerar maiores pressões sobre a inflação no futuro, o que exigiria uma taxa de juros ainda mais alta.
Em relação às projeções de inflação, o Copom reiterou que as expectativas para 2025 e 2026 continuam acima da meta de 3%, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) projetado para 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026. A desancoragem das expectativas de inflação é vista como um risco crescente, que dificulta a convergência da inflação à meta, exigindo mais firmeza na condução da política monetária.
Apesar do ciclo de aumentos de juros já realizado, o Copom antecipou uma interrupção no ciclo para avaliar os impactos acumulados das decisões anteriores. O Comitê enfatizou que é importante avaliar os efeitos da política monetária mais restritiva antes de tomar novas decisões, mas alertou que, caso necessário, o ciclo de elevação de juros poderá ser retomado.