Economia

Dado de emprego dos EUA eleva aposta em alta próxima do juro

A forte geração de vagas de emprego nos EUA em fevereiro elevou as apostas de que o país está próximo de aumentar seus juros, o que fez o dólar disparar


	Notas de dólar: o dólar de balcão disparou 1,36% hoje, aos R$ 3,050
 (Scott Eells/Bloomberg)

Notas de dólar: o dólar de balcão disparou 1,36% hoje, aos R$ 3,050 (Scott Eells/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2015 às 18h11.

São Paulo - Os investidores da área de câmbio até ensaiaram uma realização dos lucros mais recentes, vendendo dólares na manhã desta sexta-feira, 6, mas novamente a realidade atropelou os vendidos.

A forte geração de vagas de emprego nos EUA em fevereiro, que elevou as apostas de que o país está próximo de aumentar seus juros, somou-se à percepção ruim em relação ao Brasil, com a crise política ainda no foco.

Ao mesmo tempo, declarações do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reafirmaram que o governo não tem um "compromisso formal" com a taxa de câmbio.

O dólar de balcão disparou 1,36% hoje, aos R$ 3,050, no maior patamar de fechamento desde 5 de agosto de 2004. No ano, o dólar acumula ganhos de 14,88% ante o real. No mercado futuro, a moeda para abril - a mais líquida e que serve de principal referência para os negócios - subia 1,70% perto das 16h30, aos R$ 3,0760.

No início, o dólar chegou a recuar no balcão, com o mercado realizando os lucros recentes.

Afinal, até ontem a moeda americana já havia subido mais de 13% ante o real neste ano. Isso fez o dólar à vista marcar a mínima de 2,9830 (-0,86%) às 9h14 da manhã. 

Depois disso, no entanto, a moeda virou para o positivo e acelerou ganhos em vários momentos, na esteira das notícias que surgiam.

O principal motivo para a alta do dólar ante o real foram os dados de emprego nos EUA.

O relatório oficial (payroll) mostrou a criação de 295 mil postos em fevereiro, bem acima dos 240 mil esperados.

O número reforçou a avaliação de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) será levado a subir os juros em um futuro próximo - o que torna os EUA mais atrativos para recursos que, atualmente, estão voltados para países como o Brasil.

Por este motivo, o dólar sustentou ganhos firmes não apenas ante o real, mas também ante as demais divisas de países emergentes ou exportadores de commodities. Perto das 16h40, o dólar subia 0,83% ante o dólar australiano, avançava 1,03% ante o canadense, tinha alta de 1,62% ante o neozelandês, tinha ganho de 0,99% ante o peso chileno e ganhava 2,00% ante o peso mexicano.

À tarde, a tendência foi reforçada após o 'Fed boy' Jeffrey Lacker, que comanda o Federal Reserve de Richmond, dar força às avaliações de que o BC dos EUA está muito próximo de elevar os juros.

Em entrevista a uma rádio, ele afirmou que a reunião de junho do Fed é a principal candidata para elevação de juros. Além disso, disse que o termo "paciente", que consta das comunicações do Fed para qualificar a política monetária, será o assunto principal do próximo encontro, em 17 e 18 de março.

No Brasil, os investidores também se mantiveram atentos às notícias vindas de Brasília. Tudo porque o embate entre Planalto e Congresso, que coloca em risco a aprovação de medidas fiscais no Senado e na Câmara, não arrefeceu.

Assim como não diminuíram as preocupações em torno da Lista de Janot, com os nomes de políticos supostamente envolvidos nos desvios na Petrobras.

A expectativa é de que a relação seja divulgada ainda hoje.

Além disso, autoridades do governo seguiram demonstrando tranquilidade na tarde de hoje quanto ao avanço recente do dólar.

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que o governo está fazendo seu trabalho para corrigir o que precisa ser corrigido. Segundo ele, "o governo não tem uma meta de câmbio, a gente trabalha com qualquer cotação", disse.

Com o dólar disparando ante o real, fonte informou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, perto das 16 horas, que, depois de registrar resultado negativo de US$ 1,142 bilhão em fevereiro, com fortes saídas de dólares na última semana do mês (US$ 3,334 bilhões), o fluxo cambial voltou a ganhar fôlego em março.

Dos dias 2 a 5 deste mês, o resultado está positivo em US$ 2,7 bilhões.

O destaque vai justamente para a área financeira, que recebeu entradas líquidas de US$ 1,9 bilhão no mês até ontem. Já o segmento comercial foi responsável pela atração de US$ 800 milhões nesses quatro dias.

Chamou a atenção o fato de que a informação surgiu na reta final dos negócios do balcão. Ainda assim, não foi possível segurar as cotações.

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