Repórter
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 21h00.
O dólar americano alcançou um novo recorde nesta segunda-feira, 11 de agosto, no mercado informal de câmbio em Cuba, sendo cotado a 400 pesos cubanos (CUP). Isso representa uma desvalorização impressionante de 1.567% da moeda cubana em relação ao dólar desde a reforma monetária de 2021 implementada na ilha caribenha.
O novo recorde, registrado pelo índice do portal independente "El Toque", que monitora o mercado informal, ocorre em meio ao processo de dolarização parcial da economia cubana, que enfrenta uma grave crise há mais de cinco anos. Analistas apontam que o CUP continuará sua trajetória de queda por causa da difícil situação econômica do país e ao crescente papel do dólar na ilha.
No mercado oficial, a cotação da moeda americana para pessoas jurídicas permanece fixa em 24 pesos por dólar, enquanto para pessoas físicas é de 120 pesos, criando grandes desequilíbrios econômicos.
O governo cubano, que precisa de divisas para importar itens essenciais como combustível e alimentos, enfrenta uma pressão crescente. As tradicionais fontes de divisas, como o turismo, as remessas e a exportação de serviços, estão em declínio devido às sanções dos Estados Unidos e à gestão econômica interna. Além disso, o governo importa cerca de 80% do que é consumido no país.
Nos últimos meses, o governo iniciou um processo de dolarização de grande parte de sua rede de comércio, além de começar a cobrar em divisas por alguns serviços estatais. O primeiro-ministro cubano Manuel Marrero justificou essas medidas como “necessárias” para a recuperação econômica do país.
Já o presidente Miguel Díaz-Canel, em discurso no Parlamento em julho, reconheceu que a dolarização gerou um "aumento" das desigualdades sociais, pois as disparidades entre as classes econômicas se acentuaram.
Em entrevista à Agência EFE, o economista cubano Pavel Vidal observou que, ao contrário de outras economias latino-americanas, onde a desvalorização das moedas é acompanhada por aumentos salariais ajustados à inflação, em Cuba isso não ocorre. Ele afirmou que, sem esses mecanismos de ajuste, a desvalorização do peso cubano tem um impacto severo na qualidade de vida da população e no empobrecimento das famílias.
Mauricio de Miranda, professor da Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia, e diretor do Observatório sobre a Economia Cubana, explicou à agência que a crescente presença do dólar na economia cubana está diretamente ligada à desvalorização do CUP. Segundo ele, “À medida que o governo cubano abrir mais lojas em dólares, e a população tiver menos alternativas em pesos para garantir suas necessidades, o dólar vai continuar subindo.”
(Com informações da agência EFE)