(TIMOTHY A. CLARY /AFP)
Redatora
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 05h02.
Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) real cresceu 3% no último trimestre, conforme divulgado pelo Departamento de Comércio, superando expectativas e indicando recuperação econômica. Porém, especialistas alertam que outros indicadores econômicos mostram uma realidade diferente, sugerindo que a economia pode estar mais fraca do que os dados oficiais indicam.
Neil Dutta, chefe de pesquisa econômica da Renaissance Macro, destacou quatro sinais importantes que apontam para uma desaceleração em setores-chave da economia americana, segundo a Business Insider.
Os preços dos imóveis caíram 0,34% nas 20 maiores cidades dos EUA em maio, de acordo com o Índice Case-Shiller 20 City, marcando o terceiro mês consecutivo de queda. As vendas pendentes de imóveis diminuíram 2,8% em junho em comparação com o ano anterior, e as listagens ativas cresceram 28%, atingindo o nível mais alto desde a pandemia.
Para o especialista, esses dados indicam uma demanda enfraquecida no mercado imobiliário, que enfrenta o desafio adicional de proprietários que antecipavam refinanciamento com juros mais baixos, o que não ocorreu.
Apesar de números positivos na criação de empregos e na baixa taxa de desemprego, o Diferencial do Mercado de Trabalho do Conference Board, que mede a percepção dos consumidores sobre a facilidade de conseguir emprego, caiu para 11,3, registrando uma "nova mínima do ciclo."
Para Dutta, esse indicador sugere que as condições do mercado de trabalho podem estar mais frágeis do que aparentam, refletindo uma fase de "contratação lenta e demissão lenta".
A inadimplência entre famílias com renda acima de US$ 150 mil mais que dobrou desde 2023, segundo dados da VantageScore. Famílias com renda entre US$ 45 mil e US$ 150 mil também registraram aumento significativo, assim como aquelas com renda inferior a US$ 45 mil.
Dutta avaliou que a desaceleração dos gastos com consumo pessoal, que passaram a crescer 4,7% em junho em relação ao ano anterior, frente a um pico de 5,7% no final de 2024, reforça a perspectiva de enfraquecimento do consumo.
O valor da dívida corporativa inadimplente subiu para US$ 27 bilhões no segundo trimestre de 2025, quase o dobro do trimestre anterior, segundo Moody's. Além disso, 694 empresas solicitaram falência em 2024, o maior número desde 2010.
"Os mercados de crédito dos EUA sofreram uma deterioração significativa após os recentes anúncios de tarifas, com a crise corporativa se acelerando em vários setores", pontuou Dutta.
O especialista acrescentou que o risco médio de inadimplência para empresas públicas alcançou 9,2%, o nível mais alto desde a crise financeira de 2008. Empresas apoiadas por private equity representam cerca de 60% dos pedidos de falência recentes, enfrentando desafios de liquidez devido ao ambiente de juros elevados.