Agência de notícias
Publicado em 23 de julho de 2025 às 18h43.
Última atualização em 23 de julho de 2025 às 19h03.
A Sabesp, empresa de águas e saneamento de São Paulo, divulgou um balanço de um ano da privatização da companhia nesta quarta-feira, 23, em evento no Auditório Ibirapuera, no parque da zona sul da capital paulista.
Desde julho de 2024, quando o governo paulista vendeu 32% do capital e deixou de ter o controle da empresa, a Sabesp investiu R$ 10,6 bilhões, segundo os dados apresentados. No evento, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou ainda o início da vigência do programa Tarifa Social Paulista, que amplia o desconto nas contas de água e esgotamento sanitário para famílias de baixa renda. Com a medida, cerca de 748 mil famílias atendidas pela Sabesp terão desconto maior na conta de água.
A Sabesp reiterou a meta de universalizar o saneamento até 2029 em São Paulo — na lei aprovada na privatização, o prazo limite é de 2033. O CEO da Sabesp, Carlos Piani, previu investimentos de R$ 70 bilhões para atingir a meta de universalização do serviço.
– A Sabesp tem mais de 50 anos e, ao longo dessa jornada, acumulou aproximadamente um pouco mais de R$ 70 bilhões [em investimentos]. E o valor estimado do investimento para universalizar o serviço é de aproximadamente R$ 70 bilhões. Então o desafio que nos foi dado foi fazer em cinco o que foi feito em 50, ou cinco décadas – afirmou Piani.
Na privatização, a nova acionista de referência, a Equatorial, adquiriu 15% das ações que pertenciam ao governo, enquanto os outros 17% foram negociados no mercado.
No primeiro ano após a venda, segundo a empresa, 524.448 residências passaram a contar com tratamento de esgoto, beneficiando 1,4 milhão de pessoas. Já a ampliação da coleta chegou a 503.875 imóveis (ou 1,3 milhão de habitantes). A antecipação da universalização do saneamento dos 371 municípios (de um total de 645) atendidos pela Sabesp, de 2033 para 2029, diz a companhia, evitará o descarte inadequado de 3,8 bilhões de litros de esgoto.
Para os próximos anos, a previsão é que os investimentos gerem 40 mil empregos diretos e indiretos, dos quais 21 mil serão em frentes de obras.
A Sabesp anunciou ainda planos para a despoluição do Rio Tietê e para a Represa de Guarapiranga, manancial responsável pelo abastecimento de água de 4 milhões de paulistanos.
— O programa Nossa Guarapiranga tem por objetivo trabalhar muito forte na proteção dos principais mananciais da região metropolitana de São Paulo, onde ainda temos cerca de 90 mil imóveis a serem atendidos. Desses, 25 mil imóveis são da área informal, que ainda não encaminham seus esgotos para tratamento. Além disso, o programa inclui também a modernização de todo o sistema que existe na região – ressalta Roberval Tavares, diretor de Engenharia e Inovação da Sabesp.
No Nossa Guarapiranga, que vai custar R$ 958 milhões, serão implantados 650 km de redes de coleta de esgoto e construídas 23 estações elevatórias de tratamento. Para o Rio Tietê, estão previstas a ampliação de quatro estações de tratamento de esgoto (Barueri, Parque Novo Mundo, ABC e São Miguel), aumentando em 68% a capacidade dos equipamentos.
– Hoje elas tratam 24 metros cúbicos por segundo. Nós vamos passar para 41 metros cúbicos por segundo, que é para poder receber todo esse déficit que nós temos em relação ao encaminhamento de tratamento da região metropolitana de São Paulo – afirma Roberval Tavares.
O evento de aniversário da privatização da Sabesp contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi o último a falar. Ao microfone, Tarcísio lembrou o trabalho de criação do projeto, feito junto com a secretária Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) e do presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL). Ambos discursaram para a plateia, formada majoritariamente por perfis técnicos e políticos de prefeituras paulistas.
– Dos 374 municípios que eram alcançados pela Sabesp, 371 aderiram [à nova Sabesp]. Alguns [dos prefeitos] estão aqui, alguns encararam isso conosco. Para o prefeito era pior, porque a gente estava chegando no ano da eleição municipal. Eles tinham de fazer essa aposta no ano que eles iam ser submetidos ao escrutínio das urnas. E ainda assim encararam o risco político, sabiam que estavam fazendo a coisa certa. E estão fazendo de fato a coisa certa – disse o governador.
Sem falar de política ou do tarifaço de Donald Trump, marcado para vigorar no dia 1° de agosto, Tarcísio saiu do evento sem falar com os jornalistas.