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Em reunião do Brics, Xi Jinping diz que guerras tarifárias 'perturbam gravemente' a economia mundial

Lula reuniu líderes do bloco; Kremlin cita cooperação entre países do grupo

Agência o Globo
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Publicado em 8 de setembro de 2025 às 15h02.

Última atualização em 8 de setembro de 2025 às 15h47.

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O presidente da China, Xi Jinping, afirmou nesta segunda-feira, em reunião com líderes do Brics convocada pelo Brasil, que medidas protecionistas e guerras tarifárias afetam a economia mundial e minam as normas de comércio internacionais. Xi não citou especificamente os Estados Unidos, mas a conversa virtual entre os representantes do bloco foi motivada, entre outros fatores, pelo tarifaço promovido pelos Estados Unidos.

— Neste momento, uma transformação sem precedentes em um século está se acelerando em todo o mundo. Hegemonismo, unilateralismo e protecionismo estão se tornando cada vez mais desenfreados. Guerras comerciais e tarifárias travadas por alguns países perturbam gravemente a economia mundial e minam as regras do comércio internacional — disse Xi.

Xi pediu aos países do Brics que resistam a todas as formas de protecionismo. Ele recomendou a todos que explorem suas próprias vantagens e aprofundem a cooperação em diversas áreas, incluindo comércio e economia, finanças e tecnologia.

— Quanto mais estreita for a cooperação entre os países do Brics, mais confiança, opções e resultados efetivos eles terão para enfrentar os riscos e desafios externos — afirmou o presidente chinês, segundo a agência de notícias.

O discurso proferido pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, não foi divulgado. Porém, um comunicado do Kremlin diz que Putin defendeu o aumento da cooperação entre os países do bloco.

"As questões de cooperação entre os países membros do Brics nas esferas comercial, econômica, financeira, de investimento e outras foram discutidas, levando em consideração a situação atual da economia global", destaca a nota.

O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, representou o primeiro-ministro Narendra Modi. O chanceler indiano disse que aumentar as barreiras e complicar as transações não ajudará a aumentar o comércio internacional, "nem a vinculação de medidas comerciais a questões não comerciais".

A reunião foi aberta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula afirmou que os países do Brics se tornaram vítimas de práticas comerciais "injustificadas e ilegais", ao se referir as sanções comerciais aplicadas pelo governo dos EUA.

— Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas. A imposição de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições. Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos — ressaltou Lula.

Como o Brasil é presidente do Brics em 2025, Lula convocou os líderes para uma reunião extraordinária menos de dois meses depois de uma cúpula no Rio de Janeiro. A justificativa é que a situação mundial piore.

Além do tarifaço americano, entraram na pauta do encontro virtual a situação na Faixa de Gaza, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a conferência mundial sobre o clima, a COP30, que acontecerá em Belém (PA), no próximo mês de novembro.

Desde o dia 9 de julho, produtos brasileiros são sobretaxados em 50% ao entrarem no mercado americano. O presidente dos EUA, Donald Trump, condicionou uma negociação comercial com o Brasil ao arquivamento do processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu, por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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