Economia

Especialistas alertam para risco de mercado de carbono se desvirtuar

Modelo deverá ser abandonado quando todas as partes reduzirem suas emissões de poluentes

Poluição industrial: mercado de carbono é opção para empresas compensarem problemas que geraram (Chris Conway/Getty Images)

Poluição industrial: mercado de carbono é opção para empresas compensarem problemas que geraram (Chris Conway/Getty Images)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 14h31.

O mercado de carbono, concebido como um mecanismo para combater as mudanças climáticas, corre o risco de se transformar em uma simples transação econômica, se não for garantida sua integridade ambiental, alertaram especialistas que participaram do III Fórum Latino-Americano de Economia Verde (FLEV), organizado pela Agência EFE em São Paulo este mês.

Segundo o físico Shigueo Watanabe Jr., colaborador da ONG Climainfo, o propósito do mercado de carbono é incentivar a redução global de emissões e não perpetuar sua existência como um mecanismo financeiro.

"Se funcionar para alcançar os objetivos que ele quer, ele deixa de existir. Eu preciso do mercado de carbono para que todo mundo reduza suas emissões. Quando todos as reduzirem, ele não será mais necessário", afirmou.

No painel, que também abordou o tema dos títulos verdes e dos fundos internacionais como motores da transição ecológica, o secretário executivo da Associação Brasileira de Desenvolvimento, André Godoy, destacou o papel dos bancos de desenvolvimento e públicos no financiamento verde.

"Entre 2020 e 2023, as instituições de desenvolvimento mobilizaram quase R$ 2 trilhões em financiamento sustentável", declarou.

Godoy também apresentou exemplos concretos, como o leilão 'Eco Invest', que permite aos bancos captar recursos para projetos verdes, e o fundo soberano do Espírito Santo, que utiliza royalties do petróleo para financiar a descarbonização e que, de acordo com ele, pode ser seguido como exemplo em outros estados ou inclusive em todo o país.

Por sua vez, a especialista do Instituto Amazônia +21, Amanda Frizzo, trouxe uma visão mais ‘in loco’ do que ocorre na Amazônia.

"Existe muito capital disponível, mas poucos projetos prontos para recebê-lo", explicou, ressaltando a importância de estruturá-los adequadamente para atrair investimento.

Amanda também destacou o uso do chamado financiamento combinado como uma ferramenta-chave para reduzir riscos e atrair investimento privado.

O FLEV é um espaço de debate sobre transição energética e desenvolvimento sustentável que, nesta terceira edição, contoucom o patrocínio de ApexBrasil, Norte Energia e Lots Group, além do apoio de Imaflora, Observatório do Clima e IBMEC.

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