Somadas às tarifas já existentes, a alíquota deve chegar a cerca de 160% (James Akena/Reuters)
Redatora
Publicado em 17 de julho de 2025 às 20h36.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos impôs tarifas antidumping preliminares de 93,5% sobre as importações chinesas de grafite, componente essencial para a fabricação de baterias. A medida decorre da conclusão de que o material foi subsidiado de forma injusta pelo governo chinês.
Essas novas tarifas serão somadas às taxas já existentes, elevando a alíquota efetiva para cerca de 160%, conforme informado pela American Active Anode Material Producers, grupo comercial que apresentou a reclamação.
Segundo Sam Adham, chefe de materiais de bateria da consultoria CRU Group, essa taxa representa um custo adicional estimado em US$ 7 por quilowatt-hora para uma célula de bateria de veículo elétrico médio.
Em dezembro do ano passado, uma associação comercial norte-americana solicitou a investigação das práticas antidumping por parte de empresas chinesas. A expectativa é que a decisão final sobre as tarifas seja divulgada até 5 de dezembro de 2025.
O imposto sobre o grafite aumenta as tensões na cadeia global de suprimentos de veículos elétricos, que já enfrenta restrições de exportação de minerais e tecnologia por parte da China. O impacto deve se refletir em custos maiores para fabricantes de baterias e montadoras que dependem do grafite para a produção de carros elétricos.
Entre as empresas que se posicionaram contra as tarifas estão a Tesla e sua principal fornecedora de baterias, a japonesa Panasonic, que argumentam que o setor doméstico dos EUA não está suficientemente desenvolvido para suprir a demanda por grafite com qualidade e volume adequados.
O grafite é utilizado principalmente na fabricação dos ânodos das baterias, essenciais para o fluxo de carga elétrica. Em 2024, os Estados Unidos importaram cerca de 180 mil toneladas métricas desse material, sendo que aproximadamente dois terços vieram da China, de acordo com dados da BloombergNEF.
A China detém a maior capacidade global de processamento de grafite. A Agência Internacional de Energia (AIE) apontou o grafite como um dos materiais mais vulneráveis a riscos de fornecimento.
A AIE ainda prevê que o grafite continuará sendo o material predominante para ânodos em baterias de íons de lítio pelo menos até 2030, quando o silício deve começar a ganhar espaço no mercado.