Gasolina: em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde os impostos são mais altos, o impacto pode ser um pouco maior. (Bloomberg/Getty Images)
Colaboradora
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 16h44.
Última atualização em 21 de outubro de 2025 às 17h23.
A Petrobras reduz a partir desta terça-feira, 21, o preço médio da gasolina A em 4,9% para as distribuidoras. A queda será de R$ 0,14 por litro. O valor passará de R$ 2,85 para R$ 2,71, no segundo corte no ano — em junho, houve uma redução de 5,6%.
No acumulado de 2025, os preços já caíram R$ 0,31 por litro (10,3%).
A redução para as distribuidoras não representa uma queda imediata nas bombas. O repasse ao consumidor final depende de uma série de fatores que vão desde impostos estaduais até margens de lucro das distribuidoras e postos.
Para formar a gasolina comum, as distribuidoras compram a gasolina A da Petrobras, misturam a porcentagem obrigatória de etanol anidro (30%) e revendem aos postos.
As intermediárias adicionam suas margens de lucro e cobrem custos como transporte, armazenagem e salários.
Além disso, há os impostos — especialmente o ICMS estadual, que varia de estado para estado — que têm um peso grande na formação do preço.
Assim, antes da redução anunciada pela estatal, o preço médio no Brasil era de R$ 6,22 por litro. Veja a composição:
Como aponta o esquema divulgado pela própria Petrobras com base em dados da ANP e do Cepea/USP, a estatal responde por menos de um terço do preço final.
Com o novo reajuste, a Warren Investimentos estima que o preço na bomba deve cair cerca de R$ 0,10 por litro. A consultoria também prevê um impacto de 0,08 ponto percentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro. A projeção da inflação de 2025 da consultoria foi reduzida de 4,5% para 4,4%[/grifar].
Para quem usa o carro no dia a dia, a economia pode ser tímida, mas já ajuda. Considerando uma queda efetiva de R$ 0,10 a R$ 0,15 por litro no posto, um motorista que abastece um tanque de 50 litros toda semana economizaria entre R$ 5 e R$ 7,50 por abastecimento.
Além disso, a queda também contribui para conter a inflação geral, já que o combustível impacta o custo de transporte de mercadorias e serviços.
A resposta está na própria composição do preço. Como a Petrobras responde por apenas 32,2% do valor final da gasolina, uma redução de 4,9% no preço da estatal não se traduz em um corte proporcional nas bombas. Mesmo que a Petrobras reduza R$ 0,14 por litro, esse valor é diluído ao longo da cadeia.
Além disso, os impostos têm alíquotas fixas ou proporcionais que não mudam com a queda da Petrobras.
O ICMS, por exemplo, é calculado como um percentual do preço final, o que amplifica qualquer variação nos custos iniciais, mas também limita o desconto percebido pelo consumidor.
Outro fator é o preço do etanol anidro, misturado à gasolina. Se o etanol está caro no mercado, ele reduz parte da economia anunciada pela Petrobras.
E, por fim, as distribuidoras e os postos têm liberdade para definir suas margens de lucro, o que significa que nem sempre todo o desconto chega ao consumidor final, especialmente em regiões com menor concorrência entre postos.