Palácio do Planalto: estratégia de Lula passa por responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro e os seus filhos pela medida anunciada por Trump. Com isso, Lula pretende buscar apoio entre os eleitores de centro que não se identificam com o Partido dos Trabalhadores (PT) e nem com os bolsonaristas. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 15 de julho de 2025 às 05h59.
O governo inicia nesta terça-feira, 15, o debate com empresários da indústria e do agronegócio sobre os potenciais efeitos para a economia do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que incidirá sobre produtos brasileiros exportados para o país. A estratégia traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa por mobilizar o setor produtivo e a sociedade em busca de dividendos eleitorais em 2026.
Auxiliares de Lula disseram reservadamente à EXAME que a ideia da gestão petista é responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro e os seus filhos pela medida anunciada por Trump. Com isso, Lula pretende buscar apoio entre os eleitores de centro que não se identificam com o Partido dos Trabalhadores (PT) e nem com os bolsonaristas.
Para isso, o presidente, os ministros, os parlamentares da base aliada e os demais apoiadores vão alardear eventuais efeitos negativos para o país caso Trump formalize a sobretaxação, como aumento do desemprego e queda da atividade econômica.
"A estratégia passa por resgatar o sentimento de nacionalismo. Neste caso, é o Brasil que será prejudicado e isso precisa ficar claro. São brasileiros bolsonaristas que estão jogando contra o país", disse um auxiliar de Lula.
O governo quer potencializar a divulgaçao dos dados que já começaram a ser publicizados pelos empresários, entre eles as projeções para aumento do desemprego. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimou que 110 mil trabalhadores do setor podem ser demitidos caso as tarifas sejam formalizadas por Trump.
A entidade pediu ao governo para que negocie com os Estados Unidos um adiamento de 90 dias para que uma negociação entre as partes possa ocorrer.
A estratégia governista de mobilização da sociedade começa com duas reuniões nesta terça conduzidas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
A primeira reunião ocorrerá às 10h e terá representantes dos setores de aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças.
Às 14h, Alckmin se reunirá com empresários dos setores dos setores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescados.
O governo quer consolidar, a partir dessas reuniões, dados e informações sobre os impactos negativos para a economia brasileira para mostra a sociedade os efeitos danosos para o país. O objetivo final, segundo técnicos do governo, é tentar elevar a popularidade de Lula ao responsabilizar Bolsonaro por eventuais prejuízos para os empresários e para as famílias.