Haddad: ministro (Sergio Lima/AFP)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 29 de julho de 2025 às 09h37.
Última atualização em 29 de julho de 2025 às 09h58.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 29, que vê sinais de maior sensibilidade de autoridades dos Estados Unidos para negociar as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros.
"O Brasil nunca abandonou a mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há alguns sinais de interesse em conversar e uma maior sensibilidade por parte de algumas autoridades dos Estados Unidos, que talvez percebam que tenham se excedido um pouco ao não dialogar", disse o ministro a jornalistas nesta manhã.
O chefe da Fazenda disse que alguns empresários brasileiros afirmaram que estão encontrando maior abertura com o governo americano, mas que não é possível afirmar será possível fechar um acordo até o dia 1º de agosto.
"Eu acredito que não estou muito fixado na data, porque, se ficarmos apreensivos com ela, podemos inibir que a conversa transcorra com mais liberdade e sinceridade entre os dois países. Vamos prosperar nas negociações", afirmou.
Sobre um possível adiamento no prazo das tarifas, Haddad disse que isso é uma decisão unilateral do governo Trump.
'Ontem mesmo, o presidente dos Estados Unidos afirmou que não tem tempo para negociar com todos os países e vai fixar uma alíquota para o mundo inteiro. O foco é uma resposta deles, as cartas que enviadas desde maio", disse.
Questionado sobre a possibilidade de uma ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, Haddad disse que os canais de contato com os americanos não estão "obstruídos", mas que é preciso de uma preparação para uma conversa de alto nível.
"Eu já liguei para o Ben Scott, já me reuni com ele na Califórnia. O Alckmin já falou três vezes com o Lutnick. O Mauro está lá, com oito senadores. Quando dois chefes de Estado vão conversar, há uma preparação antes, para não ser uma coisa que subordine um país ao outro, há uma preparação protocolar mínima para que dois chefes possam conversar. Existe um arranjo", disse.
O ministro relembrou ainda, sem citar diretamente a situação, o caso de Trump com Zelensky, que terminou em uma discussão entre o presidente americano e o ucraniano na Casa Branca. Por isso, defendeu que é preciso cautela para que a conversa ocorra de forme "dignificante".
"É papel nosso, dos ministros, justamente organizar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja o mais dignificante e produtiva possível. Não deve ser uma coisa como aconteceu antes, quando vocês presenciaram várias conversas que não foram respeitosas. Deve haver uma preparação antes, para ser uma conversa respeitosa, onde ambos os povos se sintam valorizados à mesa de negociação", afirmou.
Desde o anúncio de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, Trump criticou o Supremo Tribunal Federal (STF).
O republicano afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado, estaria sendo perseguido pela Justiça brasileira.
Além disso, determinou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil.