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IPI Verde: Lula assina decreto que reduz impostos para carros mais sustentáveis; veja os critérios

A medida estabelece alíquotas diferenciadas de IPI com base em critérios ambientais e industriais, como eficiência energética e nível de emissão de poluentes

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 10 de julho de 2025 às 15h36.

Última atualização em 10 de julho de 2025 às 17h01.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quinta-feira, 10, um decreto que estabelece a redução das alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros mais leves, eficientes e movidos por fontes de energia limpa, que estejam dentro dos requisitos de reciclabilidade e segurança.

O decreto regulamenta o chamado IPI Verde, parte do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) de estímulo à indústria automotiva. A proposta prevê que veículos mais econômicos e menos poluentes terão alíquotas reduzidas, enquanto os modelos que mais poluem terão alíquotas mais altas.

O decreto do governo federal cria a categoria de "Carro Sustentável", permitindo que veículos compactos com alta eficiência energética e fabricados no Brasil tenham o IPI zerado.

De acordo com nota publicada pelo Planalto, o Mover já incentivou investimentos de R$ 190 bilhões no setor automotivo, envolvendo montadoras e fábricas de autopeças.

A medida deve beneficiar os veículos 1.0 flex, que são movidos a etanol ou gasolina e possuem potência inferior a 90 cavalos. Atualmente, esses modelos, como o Fiat Argo, Cronos e Kwid, pagam alíquota de 7% de IPI. As versões 1.0 turbo, no entanto, deverão ficar de fora dessa isenção.

Carros elétricos não serão beneficiados com o desconto, pois um dos critérios obrigatórios para a concessão do incentivo é que o veículo seja fabricado no Brasil.

Na cerimônia de lançamento do decreto, no Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que a medida entra em vigor nesta sexta-feira, 11. Ele também reforçou que a lei assinada pelo presidente Lula beneficia os carros com maior reciclabilidade e capacidade de redução de gases poluentes, além de dar incentivos à indústria nacional.

"O IPI passa a ser zero a partir de amanhã para o carro sustentável. Não haverá nenhum aumento de carga tributária ou déficit. Simplesmente, é um incentivo à descarbonização, à sustentabilidade, ao meio ambiente", disse Alckmin.

E acrescentou: "Além de ter um caráter social, pois reduz o preço do carro de entrada e mais pessoas podem ter acesso a um carro zero quilômetro, e isso ajuda a renovar a frota, traz segurança automotiva e melhor tratamento da questão ambiental e reciclabilidade".

O decreto que regulamenta o programa não terá impacto fiscal, já que foi estruturado como uma fórmula de soma zero, levando em conta o total de carros vendidos no Brasil. Segundo o Planalto, a medida é valida até dezembro de 2026.

Quais são os requisitos para redução do IPI?

Para que um carro seja considerado "sustentável" e tenha direito à redução do IPI, ele deve atender a quatro condições:

  • Emissão de menos de 83g de CO₂ por quilômetro;
  • Mais de 80% de material reciclável em sua composição;
  • Produção no Brasil (incluindo etapas como soldagem, pintura, fabricação do motor e montagem);
  • Se enquadrar nas categorias de veículos compactos;

As montadoras interessadas devem solicitar o credenciamento junto ao MDIC para que seus veículos sejam avaliados e incluídos na lista de modelos aptos a receber o benefício. Após a aprovação, a portaria será publicada e as montadoras poderão começar a comercializar os modelos com o desconto total. Atualmente, a alíquota mínima para esses carros é de 5,27%.

Entenda o novo cálculo do IPI

Para os outros veículos, o decreto estabelece um novo sistema de cálculo do IPI, que entra em vigor em 90 dias. A nova tabela parte de uma alíquota base de 6,3% para veículos de passageiros e 3,9% para comerciais leves, com ajustes baseados em critérios como eficiência energética, tecnologia de propulsão, potência, segurança e índice de reciclabilidade.

Veículos com melhores desempenhos receberão bônus (descontos no imposto), enquanto os com piores indicadores terão aumento na alíquota. Por exemplo, um carro híbrido-flex pode ter sua alíquota reduzida em até 1,5 ponto percentual, com descontos adicionais para eficiência energética e reciclabilidade. Com isso, o IPI do veículo pode cair de 6,3% para 2,8%.

A expectativa é que até 60% dos veículos vendidos no Brasil em 2024 se beneficiem da redução do IPI, sem gerar impacto fiscal.

Critérios de eficiência e tecnologia

  • Fonte de energia e tecnologia de propulsão: veículos elétricos, movidos a etanol ou híbridos flex-fuel/etanol terão alíquotas menores. Já carros a gasolina e diesel, incluindo híbridos com esses combustíveis, terão acréscimos.
  • Eficiência energética: veículos mais econômicos poderão ter uma redução de até dois pontos percentuais no IPI.
  • Potência: a potência do veículo também afetará o imposto, com reduções para carros de menor potência e aumentos para os mais potentes.
  • Segurança e tecnologias assistivas à direção: carros com sistemas de segurança, como controle de estabilidade e frenagem automática de emergência, terão redução de 1 ponto percentual.
  • Reciclabilidade veicular: veículos que atenderem aos critérios de reciclabilidade podem ter redução de até dois pontos percentuais no IPI.
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