Economia

Lula e presidente da Espanha esperam que acordo Mercosul-UE seja assinado até dezembro

Os dois líderes manifestaram suas expectativas para a assinatura do tratado em dezembro, segundo um comunicado do Planalto

Lula: presidente brasileiro conversou por telefone com presidente espanhol sobre acordo UE-Mercosul (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: presidente brasileiro conversou por telefone com presidente espanhol sobre acordo UE-Mercosul (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 19 de setembro de 2025 às 15h15.

Última atualização em 19 de setembro de 2025 às 15h45.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma conversa telefônica com o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, nesta sexta-feira, 19, para discutir o progresso do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, enviado pela Comissão Europeia para aprovação no Conselho Europeu no dia 3 de setembro.

Após a aprovação no Conselho Europeu, o acordo precisará ser ratificado pelo Parlamento da UE e pelos respectivos países da união aduaneira (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

Durante a conversa, os líderes destacaram a expectativa de que o tratado seja formalmente assinado no início de dezembro, em Brasília, durante a cúpula de presidentes do Mercosul, segundo nota divulgada pela Presidência brasileira.

Lula e Sánches destacaram a relevância da parceria entre os dois blocos, especialmente após a implementação do tarifaço por Donald Trump.

"Reafirmaram [os dois presidentes] a importância estratégica do Acordo birregional no atual contexto de guerra tarifária e de ataques ao sistema multilateral de comércio", diz o texto. 

Encontro na Assembleia da ONU

Lula e Pedro Sánchez, que devem se reunir na próxima semana em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, discutiram a importância da Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, marcada para a segunda-feira.

"Nesse sentido, repudiaram as graves violações do direito internacional humanitário em Gaza, como o deslocamento forçado da população e os planos de Israel de ocupação dos territórios palestinos.", informou a Presidência.

Em Nova York, os dois presidentes também irão copresidir o evento “Em Defesa da Democracia: Combatendo os Extremismos”, ao lado dos presidentes de Chile, Colômbia e Uruguai, na próxima quarta-feira, 24 de setembro.

Desde o início do tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump, que incluiu uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, Lula tem buscado dialogar com líderes de outros países. Seu objetivo é explorar formas de ampliar o comércio de bens e serviços, além de defender o multilateralismo, argumentando que medidas unilaterais prejudicam as relações internacionais.

As vantagens do acordo ao Brasil

O acordo entre a União Europeia e os países do Mercosul foi finalizado em dezembro de 2024, mas ainda precisa do aval dos países europeus, que agora analisarão o texto de forma individual.

É preciso de aprovação da maioria dos países do bloco para que ele possa ser assinado e entrar em vigor.

No início de setembro, o presidente Lula disse esperar que o acordo seja firmado até o fim do ano. Outros membros do governo brasileiro disseram, nos últimos meses, trabalhar com essa mesma perspectiva. Apesar disso, o acerto ainda pode demorar para entrar em vigor.

Em termos geopolíticos, o acordo criaria uma grande zona de livre comércio ocidental, contrabalanceando a influência chinesa em ambos os mercados, e, ao mesmo tempo, garantindo maior autonomia em relação às políticas tarifárias de Donald Trump. Seria um tratado com possibilidade de afetar 718 milhões de pessoas.

Visto pela maioria dos integrantes dos blocos como uma situação mutuamente beneficente, o acordo prevê para o Brasil um aumento anual de 0,5% no PIB.

Para o Brasil, o acordo deve trazer não só um aumento do PIB, mas acesso a mais bens e serviços que podem ser, neste momento, de difícil acesso em território nacional.

No primeiro ano após o acordo haveria alta de 0.9% nas exportações, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O crescimento atingiria um pico de até 3,4% em 2034, e se estabilizaria em torno dos 3% ao ano em seguida.

O pacto abrange tanto a retirada de diversas restrições econômicas e adoção do livre comércio quanto a promoção de cooperação política e parcerias entre os dois blocos e seus membros.

Por outro lado, a França, como maior opositora do acordo, busca a proteção de seus produtos agrícolas, que teriam grandes dificuldades em competir com os produtos brasileiros, principalmente no setor de carnes.

O presidente francês Emmanuel Macron, enfrentando fortes pressões internas dos fazendeiros no país, planejou rever, adicionar e editar diversas cláusulas que garantam uma certa proteção ao seu mercado agrícola.

Além de temer a competição do bloco sul-americano, os agricultores franceses podem sofrer ainda mais como resultado das altas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Brasil, uma vez que o livre comércio, na visão deles, poderia resultar em bens brasileiros invadindo o mercado europeu a preços baixos.

Na questão agrícola, a França tem o apoio de países como Irlanda e Polônia, também fortes no setor, o que pode ser um risco real para o avanço do acordo.

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