Economia

Mercado manda recado ao BC. E daí?

Boletim Focus aponta inflação mais alta em 2012

Tombini: Objetivo é ganhar tempo enquanto o cenário externo permanece nebuloso (Wilson Dias/ABr)

Tombini: Objetivo é ganhar tempo enquanto o cenário externo permanece nebuloso (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2011 às 17h04.

São Paulo – O comunicado lacônico divulgado pelo Banco Central (BC) após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira passada (20) parece ter gerado mais dúvidas do que certezas no mercado financeiro.

Ao contrário dos dois encontros anteriores, o documento não trouxe a indicação de que a política monetária continuará a rota contracionista, mas também não garantiu que os juros serão congelados no atual patamar.

O resultado prático é que os analistas – um pouco confusos – mandaram dois recados aos diretores do BC no boletim Focus desta segunda-feira (25).

O primeiro mostra que a aposta majoritária dos economistas ainda é de mais uma alta dos juros básicos em agosto, de 12,50% para 12,75% ao ano.

O segundo aviso serve como uma pressão para que o primeiro seja ouvido. A inflação de 2012 será de 5,28%, bem distante do centro da meta (4,50%).

Traduzindo o pensamento do mercado: “Se o Banco Central interromper o ciclo de aperto monetário, o centro da meta de inflação não será atingido no ano que vem.”


Decorrem daí duas possíveis reações do governo (nenhuma será anunciada publicamente, é claro).

1) E daí? O importante é manter o ritmo de crescimento, com a inflação dentro do intervalo da meta, que vai de 2,50% a 6,50%.

2) Quem disse que o BC não vai elevar os juros em agosto? A simples retirada da expressão “suficientemente prolongada” teve apenas o objetivo de oferecer ao BC a possibilidade de encerrar o ciclo, mas a decisão ainda não está tomada.

De qualquer forma, a ata do Copom, que será divulgada nesta quinta-feira (28), terá a oportunidade de dirimir tais dúvidas e orientar as expectativas do mercado.

No fundo, mas bem no fundo mesmo, o que os diretores do Banco Central querem é ganhar o máximo de tempo possível até que fique claro o cenário internacional (crise europeia e eventual calote americano). Ou alguém se arriscaria a tomar alguma decisão antes de 2 de agosto?

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