Economia

Mesmo entre os 9 maiores juros reais, Brasil mantém taxa abaixo de 1%

O Brasil chegou a ser líder mundial absoluto em juros reais durante 2015, quando a Selic estava no auge, a 14,25% ao ano

Dinheiro (Bruno Domingos/Reuters)

Dinheiro (Bruno Domingos/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 16h15.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2020 às 18h55.

São Paulo — Apesar de voltar a figurar entre os nove países com maiores juros reais de dezembro para cá, indo de 11º para 9º lugar no ranking, o Brasil ainda mantém uma taxa abaixo de 1% (0,91% ao ano). 

A lista, que reúne os 40 países mais relevantes, é divulgada a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pelo site MoneYou em parceria com a Infinity Asset Management.

A taxa de juros real é a taxa nominal descontada a inflação. "No caso do Brasil, a projeção média para a inflação para os próximos 12 meses caiu. Nesse cenário, é natural que a taxa real suba", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Segundo Vieira, é relevante o fato de o país ter conseguido manter os juros reais abaixo dessa marca desde outubro mesmo diante de um forte movimento de afrouxamento monetário entre os países monitorados.

"O que importa é que o nosso distanciamento continua grande das primeiras colocações onde estivemos por décadas", diz.  

A mistura de inflação controlada e juro baixo é o que permite ao país manter uma certa distância das primeiras posições: "É um cenário inédito, um caminho desconhecido", diz Vieira. 

Nesta quarta-feira (05), o Banco Central anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, levando a taxa básica da economia a 4,25% ao ano. Foi o quinto corte consecutivo desde que o ciclo de afrouxamento monetário começou, no meio do ano passado.

Esse movimento começou em meio a uma combinação de desemprego alto, baixo crescimento econômico, inflação controlada e avanço na agenda de reformas.

O Copom apontou, no entanto, que esse foi o último corte por enquanto, apesar de as previsões para a inflação permanecerem comportadas. No último Boletim Focus, a projeção de 2020 para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, caiu de 3,47% para 3,40%.

O Brasil chegou a ser líder absoluto em juros reais durante o ano 2015, quando a Selic estava no auge, a 14,25% ao ano. Hoje, fica atrás de oito países: México, Malásia, Índia, Indonésia, Rússia, Turquia, África do Sul e Singapura.

No mesmo ranking, a Argentina, que vinha ocupando o primeiro lugar como o maior juro real do mundo, despencou no fim do ano passado de primeiro para último lugar, após cortar sua taxa de juros referencial de 63% para 58%, em meio a esforços do novo governo para reanimar a economia. 

Essa mudança brusca acontece porque, apesar da queda considerável na taxa, a inflação em 12 meses no país é prevista para ficar acima de 50%, deixando o resultado da subtração negativo, segundo Vieira. 

Acima da Argentina, nos últimos lugares do ranking, estão Holanda, Hungria, Reino Unido, Áustria e Alemanha.

Veja o ranking com todos os países:

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