Economia

'Não sei se tenho pretensão de continuar na Fazenda', diz Haddad

Em entrevista ao jornal Estado de SP, o ministro deixa em aberto permanência no cargo em eventual novo mandato de Lula em 2027

Fernando Haddad: ministro da Fazenda pode não continuar no governo Lula (Hollie Adams/Getty Images)

Fernando Haddad: ministro da Fazenda pode não continuar no governo Lula (Hollie Adams/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 09h49.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que já concluiu as tarefas atribuídas a ele pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e indicou não ter decidido se permanecerá no governo em um eventual quarto mandato.

“Não sei se eu tenho essa pretensão, vamos ver”, afirmou em entrevista ao jornal Estado de SP.

Apesar da indefinição sobre sua permanência, Haddad avaliou que sua atuação à frente do Ministério da Fazenda tem respaldo tanto no governo quanto no Partido dos Trabalhadores (PT).

Segundo ele, a agenda econômica proposta — baseada no equilíbrio fiscal e na responsabilidade com as contas públicas — passou a ser assimilada de forma mais ampla na legenda de esquerda.

Em um encontro recente do PT, afirmou, a política econômica foi submetida à votação simbólica, disse ele ao jornal.

“Lá pelas tantas, alguém resolveu submeter ao plenário a aprovação ou não da política econômica do governo. E eu, sinceramente, gostei da iniciativa. Vamos ver como está a essa altura do campeonato”, disse.

De acordo com Haddad, cerca de 80% dos presentes se manifestaram a favor da condução da economia.

O ministro afirmou ainda que aprecia o caráter crítico e diverso do partido.

“O PT é um mosaico de pensamentos críticos e eu gosto desse partido por causa disso. Você pode ser ministro, presidente, governador — você é tratado igual. Então, todo mundo fala”, disse.

Para ele, críticas internas não representam crise, mas uma demonstração de liberdade partidária.

Gratuidade no transporte público

Haddad também comentou o estudo solicitado por Lula sobre a tarifa gratuita nos ônibus urbanos, tema que pode compor a plataforma da campanha petista em 2026.

O ministro deixou claro que a proposta não será implementada em 2026 por conta das restrições legais e que só será levada adiante se houver neutralidade fiscal.

“A tarifa gratuita só será viável se for fiscalmente neutra. Se não, não vamos fazer. Não tenho espaço fiscal para isso”, afirmou.

Ele informou que a equipe da Fazenda está analisando receitas e despesas do setor, incluindo subsídios públicos e aportes privados, mas que não há prazo definido para a conclusão do estudo.

Bolsa Família, estatais e cenário fiscal

Haddad disse que não há discussão sobre aumento no valor do Bolsa Família para o próximo ano. Segundo ele, qualquer eventual mudança nos programas sociais deve considerar os impactos sobre o mercado de trabalho. “As pessoas querem trabalhar, se desenvolver”, afirmou.

Sobre as estatais, Haddad disse que o aval solicitado pelos Correios, no valor de R$ 20 bilhões, só será aprovado mediante um plano consistente de reestruturação.

“Se a equipe do Tesouro validar o plano, pode ter o aval. Mas ele precisa validar”, explicou.

Em relação à Eletronuclear, o ministro afirmou que o governo prepara um posicionamento sobre a continuidade das obras de Angra 3.

Segundo ele, a proposta será levada em breve a Lula, após uma década de indefinições.

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