Economia

Preço da gasolina nos postos cai menos que a metade do projetado com redução da Petrobras

Presidente Lula cobrou que órgãos de fiscalização concentrem esforços em fazer com que as reduções nos preços dos combustíveis da Petrobras cheguem às bombas

Gasolina: redução esperada com queda dos preços da Petrobras não se concretizou (Bloomberg/Getty Images)

Gasolina: redução esperada com queda dos preços da Petrobras não se concretizou (Bloomberg/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 5 de julho de 2025 às 10h06.

Última atualização em 5 de julho de 2025 às 11h27.

A expectativa de redução no preço da gasolina nos postos, após o corte de preços promovido pela Petrobras, não se concretizou, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e da Edenred Ticket Log.

Quando anunciou a primeira redução do gasolina desde novembro de 2023, a petroleira estimou que a redução do preço nas bombas poderia ser de até R$ 0,12.

A falta de repasse dos valores para os consumidores foi abordada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em evento de anúncio de investimentos da Petrobras na última sexta-feira, 4.

O presidente cobrou que órgãos de fiscalização, direito do consumidor e segurança pública do governo, concentrem esforços em fazer com que as reduções nos preços dos combustíveis da Petrobras cheguem às bombas nos postos de todo o país.

"É preciso fiscalizar para saber se os preços são justos ou se tem alguém mais uma vez tentando enganar o povo brasileiro", disse Lula durante o evento.

Dados da pesquisa semanal da ANP mostram que, no fim de maio, antes do reajuste, o preço médio da gasolina nos postos brasileiros era de R$ 6,27 por litro.

Nas primeiras semanas de junho, o valor apresentou uma queda de R$ 0,05, com preço médio de R$ 6,22 ao fim da semana de 14 de junho.

No entanto, na semana seguinte, o preço médio subiu R$ 0,01, fechando a R$ 6,23 no fim do mês, distante da redução estimada pela Petrobras.

Desde dezembro de 2022, a companhia informa que acumula uma redução total de R$ 0,22 por litro para as distribuidoras, o que equivale a uma diminuição de 7,3% no preço nominal.

Considerando a inflação acumulada no período, a redução real deveria ser de R$ 0,60, ou 17,5%.

Renato Mascarenhas, Diretor de Operações e Transformação de Negócios da Edenred Mobilidade, explica que a concorrência entre os postos e as dinâmicas regionais podem ajudar a entender a redução mais contida para o consumidor.

“Mesmo com o reajuste de 5,6% anunciado pela Petrobras no início do mês, o preço da gasolina nas bombas caiu apenas 0,78%. Isso mostra que o repasse ao consumidor foi bem mais contido, possivelmente por conta da concorrência entre os postos e da dinâmica regional de distribuição. Já o etanol seguiu em queda, o que tem favorecido seu uso em algumas regiões do País”, diz Mascarenhas.

Como se forma o preço final do combustível?

O preço final dos combustíveis nas bombas leva em consideração diversos fatores, como os custos e margens de distribuidoras e revendedores, além do custo do etanol anidro — que é misturado à gasolina A para formar a gasolina C.

Além disso, o valor final inclui os impostos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins) e o ICMS, imposto estadual cuja alíquota varia conforme cada unidade da federação.

A Petrobras afirma que os impostos representam cerca de um terço do valor final pago pelos motoristas.

Na análise por regiões, dados da Edenred mostram que o menor preço médio da gasolina foi registrado no Sudeste, com R$ 6,22.

A maior média foi observada na região Norte, com gasolina vendida por R$ 6,85. Apenas a região Nordeste não registrou queda no preço médio em junho, com o preço da gasolina se mantendo em R$ 6,50.

REGIÃO GASOLINA mai/25GASOLINA jun/25VARIAÇÃO (R$)
CENTRO-OESTER$ 6,540R$ 6,480-R$ 0,060
NORDESTER$ 6,500R$ 6,500R$ 0,000
NORTER$ 6,880R$ 6,850-R$ 0,030
SUDESTER$ 6,280R$ 6,220-R$ 0,060
SULR$ 6,420R$ 6,340-R$ 0,080

A Bahia foi o estado com o maior aumento de preço para a gasolina no período, com alta de 1,26%, chegando a R$ 6,45.

A maior queda ocorreu no Distrito Federal, onde o preço caiu 1,61%, fechando em R$ 6,71.São Paulo registrou o preço mais baixo, de R$ 6,16, após uma queda de 1,12% em comparação com maio. Mesmo com uma redução de 1,05%, o Acre manteve a gasolina mais cara do Brasil, com preço médio de R$ 7,52.

O preço dos combustíveis é visto como essencial para o governo em um momento de queda de popularidade.

Na semana passada, o governo aprovou a mudança na mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina, de 27% para 30%, e de biodiesel no diesel comum, de 14% para 15%.

A projeção da gestão petista que a adoção do E30 resultará em uma redução entre R$ 0,11 e R$ 0,20 por litro no preço da gasolina.A medida entrará em vigor em 1º de agosto, como adiantou a EXAME.

Impacto na inflação

Quando a redução da Petrobras foi anunciada, economistas calcularam um impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho entre 0,08 e 0,10 ponto percentual com a redução do preço da gasolina.

Na prévia, o IPCA-15, a inflação desacelerou para 0,26%.

A queda nos preços da gasolina foi responsável por 0,3 ponto percentual do indicador. Na próxima quinta-feira, o IBGE divulgará o consolidado do mês.

O combustível, com a energia elétrica, é o subitem com maior impacto individual nos cálculos de inflação. A pressão no orçamento das famílias é de 5,24%.

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