Em entrevista, Haddad destaca impactos da desigualdade e dificuldades para avançar medidas fiscais no Congresso (AFP)
Redação Exame
Publicado em 8 de julho de 2025 às 15h00.
Última atualização em 8 de julho de 2025 às 15h09.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou nesta terça-feira, 8, haver qualquer atrito com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos). Disse também que os dois devem se encontrar ainda nesta semana.
“Quando um não quer, dois não brigam”, afirmou ao portal Metrópoles. Para ele, é preciso “retomar o debate” e destravar projetos parados no Legislativo.
O governo e o Congresso vivem uma crise desde a derrubada do decreto que elevava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Haddad criticou o ritmo lento da agenda econômica no Congresso Nacional. O ministro aguarda uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para tratar do andamento de propostas, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
"Pedir uma negociação não pode ser visto como uma afronta com o Congresso", disse.
O ministro citou a eleição das mesas diretoras e a votação tardia do Orçamento como fatores que contribuíram para a paralisia das pautas econômicas no início deste ano. Ainda assim, demonstrou otimismo com a possibilidade de avanço no segundo semestre.
O impasse entre o Executivo e o Congresso sobre o IOF é um dos principais focos da tensão atual. Durante a entrevista, Haddad afirmou que a discussão não deve ser vista como um “Fla-Flu” político:
“Esse Fla-Flu não interessa a ninguém. Prefiro ver as coisas institucionalmente”, afirmou.
O governo editou, em maio, um decreto que previa aumento de arrecadação em R$ 20 bilhões com a alta do imposto, depois reduzido para R$ 10 bilhões em 2025 após negociações. Mesmo assim, a medida foi sustada pelo Congresso.
Em resposta, o governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu tanto o decreto presidencial quanto a decisão do Congresso.
Uma audiência de conciliação foi marcada pelo ministro Alexandre de Moraes para o dia 15 de julho, para buscar uma solução institucional para o conflito.Haddad disse ainda que o Brasil não pode ser considerado uma economia desenvolvida diante do atual nível de desigualdade social. O ministro defendeu que o crescimento econômico sustentável só será possível com a redução das disparidades de renda no país.
“Não existe nenhuma economia desenvolvida com esse nível de desigualdade. Nós precisamos enfrentar isso se quisermos ter um crescimento sustentável”, afirmou o ministro. Para ele, o fenômeno chamado de “voo de galinha” na economia ocorre porque “as pessoas não têm renda”.