Economia

Revogação do IOF pode paralisar a máquina pública, diz Haddad a Motta e Alcolumbre

Segundo o ministro da Fazenda, a equipe econômica procurou calibrar o corte de despesas acima do aumento de receitas para cumprir a meta fiscal

Fernando Haddad: ministro da Fazenda afirmou que Motta e Alcolumbre também solicitaram que o governo apresente ao Legislativo medidas estruturantes, de médio e longo prazo (Marcelo Justo/Flickr)

Fernando Haddad: ministro da Fazenda afirmou que Motta e Alcolumbre também solicitaram que o governo apresente ao Legislativo medidas estruturantes, de médio e longo prazo (Marcelo Justo/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 29 de maio de 2025 às 08h53.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 08h58.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 28, que há risco de paralisia da máquina pública caso o Congresso decida derrubar o decreto presidencial que eleva as alíquotas do Imposto Sobre Operação Financeira (IOF). A declaração foi dada após Haddad participar de reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

"Expliquei as consequências disso em caso de não aceitação da medida, o que acarretaria em termos de contingenciamento adicional, nós ficaríamos em um patamar bastante delicado do ponto de vista do funcionamento da máquina pública e do Estado brasileiro", disse.

A paralisia da máquina pública ocorreria porque o governo seria obrigado a aumentar o contingenciamento sobre investimentos e despesas que garantem o funcionamento da Esplanada dos Ministérios, como contas de água e luz.

O encontro entre os três, segundo Haddad, ocorreu após os presidentes da Câmara e Senado solicitarem ao ministro explicações sobre a necessidade da medida e as consequências práticas de uma eventual revogação.

"Procuramos calibrar o corte de despesas acima do aumento de receitas para compor um quadro que permitisse cumprir as metas estabelecidas pelo Congresso Nacional", resumiu Haddad.

Medidas de médio e longo prazo

Haddad ainda afirmou que recebeu de Motta e Alcolumbre o pedido para que o governo possa apresentar ao Congresso medidas de médio e longo prazo mais estruturantes.

"Recebi deles um pedido para que nós apresentássemos para as Casas medidas de médio e longo prazo mais estruturantes, que mexesse com outros aspectos do Orçamento, gasto primário, gasto tributário, o que o Congresso poderia colaborar para que no lugar de uma medida como essa se tivesse um horizonte mais estruturante para a frente", disse.

Expectativa de arrecadar até R$ 20 bilhões com IOF

O decreto que aumentou as alíquotas de IOF em operações de crédito para empresas, em remessas para o exterior, na compra de moeda e em cartões internacionais pretende aumentar a arrecadação em até R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões no próximo ano.

O texto também previa uma cobrança de 3,5% sobre o envio de recursos de fundos para investimentos internacionais. Essa medida foi revogada pelo governo após banqueiros apresentarem ao ministro da Fazenda alertas sobre o impacto negativo da medida.

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