Agência de notícias
Publicado em 27 de julho de 2025 às 12h07.
O prazo final de 1º de agosto estabelecido pelos Estados Unidos para a imposição de novas tarifas a seus parceiros comerciais está mantido, afirmou no domingo o secretário de Comércio, Howard Lutnick. A declaração, dada durante entrevista à emissora americana Fox News, também foi divulgada pelo perfil oficial da Casa Branca.
"Não haverá prorrogações nem mais períodos de carência. Em 1º de agosto, as tarifas serão fixadas. Entrarão em vigor. As alfândegas começarão a arrecadar o dinheiro, e pronto", declarou Lutnick à Fox News.
Embora as tarifas entrem em vigor, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manterá abertas as portas para alcançar acordos com seus parceiros, explicou Lutnick.
Sobre a União Europeia, com quem Trump negocia neste domingo na Escócia, o secretário de Comércio disse: "Eles esperam chegar a um acordo, e isso depende do presidente Trump, que lidera esta mesa de negociações. Nós apenas preparamos a mesa".
Apenas cinco países chegaram a acordos comerciais com a administração Trump: Grã-Bretanha, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão.
As tarifas acordadas com esses países superam a taxa de 10% que os Estados Unidos aplicam desde abril à grande maioria dos países, mas ainda estão muito abaixo dos níveis com os quais Trump ameaçou caso os governos não chegassem a um acordo com Washington para pôr fim ao que o presidente norte-americano considera práticas desleais.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, está preparando uma nova declaração de emergência como base para tarifas sobre o Brasil, dizem pessoas familiarizadas com o assunto. A medida, que ainda não é definitiva, seria necessária para impor a taxa de 50%, anunciada por Trump, já que a balança comercial dos EUA com o Brasil é superavitária para os americanos.
Os demais países a que foram aplicadas as sobretaxas anunciadas por Trump exportavam mais para os EUA do que importavam. Ou seja, os EUA compravam mais do que vendiam, o que caracteriza déficit nas relações comerciais para os americanos. Por isso, a base legal para as tarifas que foi usada nesses casos não é adequada para o Brasil.
O movimento é um sinal de como o governo busca uma base legal para impor as ameaças tarifárias cada vez mais abrangentes de Trump. O republicano anunciou a potencial taxa de 50% sobre o Brasil, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, em uma demonstração de apoio ao aliado Jair Bolsonaro.
Trump tentou pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pôr fim ao que ele chama de “caça às bruxas” contra o ex-presidente, que será julgado em breve pelo suposto envolvimento em tentativa de golpe de Estado. Na carta enviada ao Brasil com a ameaça do tarifaço, o governo americano também cita "censura a redes sociais dos EUA".
Trump fez a ameaça de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros no início deste mês. Em paralelo, o governo americano abriu uma investigação contra o Brasil, acusando-o de práticas desleais. No documento em que justifica a investigação, Washigton diz que as big techs poderiam ser prejudicadas com o crescimento do Pix. Também são pontos de preocupação o mercado popular da Rua 25 de Março e o mercado de etanol.
As tarifas recíprocas originais de Trump, sob o ato de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, foram impostas com base em déficits comerciais “grandes e persistentes”, de acordo com comunicado da Casa Branca. Os países que inicialmente enfrentaram taxas de reciprocidade superiores a 10% apresentam superávits comerciais em bens com os Estados Unidos, exceto o Brasil.
No início desta semana, um grupo de senadores democratas escreveu ao governo Trump para expressar “preocupações significativas sobre o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de lançar uma guerra comercial com o Brasil” para apoiar Bolsonaro.
“Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana cria um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca os cidadãos e as empresas americanas em risco de retaliação”, escreveram os senadores, liderados por Jeanne Shaheen de New Hampshire e Tim Kaine da Virgínia.