Crescimento acelerado do e-commerce chinês (Monika Skolimowska/picture alliance/Getty Images)
Redatora
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 16h31.
Última atualização em 25 de agosto de 2025 às 17h23.
O crescimento acelerado do comércio eletrônico da China está provocando mudanças nas políticas comerciais da América Latina.
Segundo a Bloomberg, com a entrada massiva de produtos de baixo custo em plataformas como Temu, Shein e AliExpress, governos da região estão criando novos mecanismos de tributação para equilibrar a concorrência com empresas locais e reforçar a arrecadação. No Brasil, essa prática ficou conhecida como "taxa das blusinhas".
O México foi um dos primeiros a reagir. O governo elevou de 19% para 33,5% o imposto de importação sobre pequenos pacotes vindos de países sem acordo comercial, o que inclui a China.
O vice-ministro da Economia, Vidal Llerenas, afirmou à Bloomberg que a medida busca proteger a indústria nacional e combater a revenda ilegal de produtos comprados em plataformas estrangeiras.
No Chile, a partir de outubro, todas as encomendas abaixo de US$ 41 passarão a pagar o imposto sobre valor agregado de 19%. O Equador adotou em junho uma tarifa fixa de US$ 20 para pacotes no regime de entrega expressa, enquanto o Uruguai incluiu no seu orçamento uma proposta para aplicar IVA sobre compras de e-commerce internacional enviadas de países fora dos Estados Unidos.
Apesar da reação, a atratividade dos preços continua sendo um fator central. Produtos que chegam a custar três vezes mais em lojas físicas aparecem em plataformas chinesas por valores muito inferiores, muitas vezes com frete gratuito, de acordo com reportagem da Bloomberg.
O efeito no comércio físico já é visível. No Uruguai, lojistas relatam queda nas vendas desde a popularização do Temu. Em San Ramón, uma cidade do interior, comerciantes afirmam que clientes migraram rapidamente para as compras online, atraídos pela variedade e pela velocidade de entrega.
No Chile, entidades empresariais pedem maior fiscalização para evitar sonegação e contrabando, enquanto associações de consumidores criticam as novas tarifas.
Para reduzir barreiras, as plataformas chinesas ampliam a presença regional. O Temu abriu espaço para vendedores locais no México e mantém centros de distribuição em países como Colômbia, Chile e Peru.
Já o Mercado Livre, avaliado em US$ 121 bilhões, tenta reforçar sua posição com maior controle sobre a conformidade de produtos oferecidos em sua plataforma. “Nossa plataforma facilita a adequação às normas em todos os países da região onde atuamos”, disse a empresa em nota.