Para o setor de produtores de chips, hardware embarcado e supercomputadores, banco aprovou R$ 258 milhões (Pilar Olivares/Reuters)
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Publicado em 24 de junho de 2025 às 19h00.
Última atualização em 24 de junho de 2025 às 19h27.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que alcançou, desde janeiro do ano passado, R$ 1 bilhão em crédito aprovado para projetos voltados para inteligência artificial (IA). Segundo comunicado divulgado pelo banco, entre as áreas contempladas estão hardware, desenvolvedores e infraestrutura, a partir do programa BNDES Mais Inovação.
Nesse conjunto, o financiamento para integradores e desenvolvedores chegou a R$ 561 milhões, inclusive para empresas que conectam tecnologias de IA nos setores financeiro e de saúde aos usuários dos serviços. Para o setor de produtores de chips, hardware embarcado e supercomputadores, o banco aprovou R$ 258 milhões. E para infraestrutura (cloud computing e data centers), R$ 180 milhões.
Para José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, “a inovação e a digitalização estão no centro da nova política industrial do governo do presidente Lula, constituindo eixo fundamental do Plano Mais Produção – braço de financiamento da Nova Indústria Brasil. Nesse cenário, o avanço em projetos de inteligência artificial torna-se estratégico, pois essa tecnologia tem o potencial de transformar cadeias produtivas, elevar a competitividade e fortalecer a soberania tecnológica do país”.
IDC projeta R$ 13 bilhões
Segundo a International Data Corporation, os investimentos em projetos de IA devem ultrapassar R$ 13 bilhões no Brasil até 2025. Já a pesquisa The State of Generative AI in the Enterprise, da Deloitte, aponta que 87% dos líderes empresariais brasileiros pretendem manter ou ampliar os aportes na tecnologia – consolidando a IA como um dos principais vetores de competitividade.
Na visão de Antonielle Freitas, especialista em Privacidade e Proteção de Dados e em Segurança Cibernética e Data Protection Officer do escritório Viseu Advogados, a inteligência artificial vem sendo incorporada de forma cada vez mais estratégica nas empresas, não apenas com foco em eficiência, mas também como motor de inovação e diferenciação.
Tecnologias como IA generativa, sistemas multimodais e multiagentes já estão no radar de grandes organizações brasileiras, em sintonia com as principais tendências globais. O otimismo, portanto, é justificado, mas o avanço sustentável dependerá da superação de gargalos técnicos e da consolidação de uma governança ética, transparente e robusta para o uso da tecnologia.
“Muitas empresas permanecem em estágios iniciais de maturidade tecnológica, concentradas em testes e estruturação de estratégias. Além disso, questões relacionadas a governança de dados, qualidade da informação e privacidade continuam sendo barreiras para uma adoção segura e eficaz da IA”, explica.
“Nesse contexto, o ambiente regulatório brasileiro tem se destacado como um diferencial estratégico. A LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] já atua como um pilar essencial de confiança para o mercado, enquanto o debate sobre o Marco Legal da IA contribui para a criação de um ecossistema mais seguro e previsível – algo altamente valorizado por investidores nacionais e estrangeiros”, acrescenta Antonielle.