O Pix já bateu a marca de 227 milhões de transações em um único dia, e ganhou novas funções neste ano (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
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Publicado em 1 de agosto de 2025 às 19h57.
O sistema financeiro brasileiro está prestes a dar um novo salto tecnológico. Após o sucesso do Pix, a chegada do Drex (a moeda digital do Banco Central) e a consolidação do Open Finance representam uma nova etapa da transformação digital no País. Em comum, essas iniciativas têm o objetivo de tornar os serviços financeiros mais rápidos, acessíveis e integrados. E colocam o Brasil mais próximo de modelos já amplamente adotados na China, como o Alipay.
Lançado em 2004, o Alipay é uma carteira digital que centraliza pagamentos, transferências, compras em lojas físicas e online, transporte público, investimentos e seguros, entre outros serviços. Tudo isso, em um único aplicativo. Com mais de 1 bilhão de usuários, ele é hoje um dos pilares do sistema financeiro chinês e uma referência global de integração entre finanças e tecnologia.
O Brasil avança em direção a um modelo semelhante. Segundo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o País está construindo uma nova infraestrutura digital baseada em três pilares: Pix 2.0, Open Finance e Drex. “Não se trata apenas de uma moeda digital, mas de um novo ambiente transacional”, afirmou durante a abertura do Febraban Tech 2025, em junho.
Pilares
O Pix, que já bateu a marca de 227 milhões de transações em um único dia, ganhou novas funções neste ano: Pix Automático (para pagamentos recorrentes) e Pix por Aproximação (sem necessidade de abrir o app). O Pix Parcelado e o uso do Pix como garantia em operações de crédito foram anunciados e devem ficar disponíveis, respectivamente, a partir de setembro de 2025 e no biênio de 2026 e 2027.
A estimativa é que mais de 60 milhões de brasileiros, que não têm cartão de crédito, possam aderir a serviços digitais com essas inovações.
Já o Drex, o real digital em desenvolvimento pelo Banco Central, deve funcionar como uma plataforma de liquidação baseada em blockchain. A tecnologia permitirá a criação de contratos inteligentes e a tokenização de ativos – o que pode viabilizar investimentos fracionados e ampliar o acesso a produtos financeiros antes restritos a poucos.
Com o Open Finance, os consumidores brasileiros terão controle total sobre seus dados bancários e poderão compartilhá-los entre diferentes instituições para obter melhores produtos e taxas. Isso estimula a concorrência e amplia a oferta de crédito e investimentos personalizados.
Esse movimento se dá, contudo, em meio a desafios. A digitalização exige atualizações regulatórias, como a PEC 65/2023, que amplia o escopo de atuação do Banco Central, e impõe uma nova lógica de governança. Galípolo reforçou que é necessário que as instituições financeiras aprendam a dialogar com a sociedade de forma mais clara e transparente.