O pacote também fortalece o seguro voltado ao comércio exterior, com apoio de fundos garantidores, permitindo acesso inclusive a micro e pequenas empresas (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)
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Publicado em 15 de agosto de 2025 às 21h10.
Setores afetados pela sobretaxa de até 50% imposta pelos Estados Unidos elogiaram o pacote de apoio anunciado nesta quarta-feira, 13, pelo governo federal, mas consideram que as medidas não abrangem toda a cadeia produtiva e defendem ações adicionais. Ao apresentar o programa, batizado de Brasil Soberano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que outros segmentos poderão ser contemplados caso o impacto das tarifas norte-americanas se amplie.
O plano prevê linha de crédito de até R$ 30 bilhões, prorrogação do pagamento de tributos federais, ampliação da devolução de créditos tributários e mudanças nas garantias à exportação. Também fortalece o seguro voltado ao comércio exterior, com apoio de fundos garantidores, permitindo acesso inclusive a micro e pequenas empresas. As medidas têm validade até 2027, quando o governo espera que a reforma tributária estabeleça um sistema mais estruturado de suporte às exportações.
Segundo Haddad, o pacote foi construído em diálogo com os setores mais prejudicados pelo tarifaço. “Temos que estar atentos ao que acontece no Brasil e no exterior para acomodar o setor produtivo. Podemos incluir outros segmentos, como soja e algodão, caso a agressividade comercial dos EUA gere novos problemas internos”, disse.
Opiniões
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) reconheceu avanços, mas criticou a ausência de instrumentos que cheguem ao pequeno produtor, que vende sua produção a exportadoras. “Sem medidas para a base da produção, há risco de retração nas compras e prejuízo à renda no campo”, afirmou o presidente da entidade, Guilherme Coelho, em comunicado.
Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a iniciativa um primeiro passo, e pediu agilidade para garantir que pequenas e médias empresas tenham acesso rápido aos recursos. A federação alerta para efeitos indiretos nas cadeias produtivas fluminenses.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por sua vez, defendeu a ampliação das medidas para aumentar a resiliência do setor e manter diálogo com o setor privado norte-americano, enquanto a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomercioSP) destacou que a prioridade deve ser retomar negociações bilaterais, evitando retaliações e declarações que prejudiquem as conversas.
No setor calçadista, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) elogiou a ampliação do Reintegra e a prorrogação do drawback, mas cobrou ações específicas para manutenção de empregos em um segmento intensivo em mão de obra.Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o pacote acerta ao priorizar negociações e manter a possibilidade de novas ações. Outros segmentos fortemente afetados, como café, pescados e madeira, ainda analisam o texto para medir o alcance real do apoio.